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2019 e os medos da contaminação eleitoral

Embora sento três actos eleitorais diferentes, a verdade é que se realizam no mesmo ano, havendo sempre uma natural tendência para “contaminação” no discurso, nas tendências de voto, nos resultados.
9 Novembro 2018, 07h15

Já todos sabemos que no próximo ano teremos três eleições. Europeias, Regionais e Nacionais. Até aqui nada de novo. O que ainda nem todos sabem são as datas em que os principais partidos, PSD e PS, querem que se realizem as eleições mais importantes para a Madeira e Porto Santo, inquestionavelmente, as que elegem os deputados da Assembleia Legislativa Regional da Madeira e o Governo Regional, é que convém nunca esquecer que temos órgãos de governo próprio e que não somos governados por Lisboa e, muito menos, que governar uma Região seja igual ao fazer de conta que se governa uma autarquia, mesmo que esta seja a nossa “capital”.

À data que escrevo estas linhas – 31 de Outubro – o presidente da República ainda não recebeu, no nosso parlamento, os partidos com assento parlamentar para inferir quais as preferências. Fá-lo-á na sexta-feira, 02 de Novembro, altura em que, provavelmente, já se saberá qualquer coisa mais sobre este assunto que não é de somenos. Embora sento três actos eleitorais diferentes, a verdade é que se realizam no mesmo ano, havendo sempre uma natural tendência para “contaminação” no discurso, nas tendências de voto, nos resultados. Pelo que sei, o primeiro-ministro, e convém nunca esquecer que o “putch” que afastou Carlos Pereira da liderança socialista teve a sua caução, ou seja, apadrinhou-o e bastante mesmo, preferia que as eleições nacionais se realizassem antes das regionais mas tal não é o entendimento do candidato independente do PS-M nem da clique mais próxima, que querem exactamente o contrário. E porquê?! À primeira vista pensar-se-ia que seria lógico que também assim o quisessem, mais não fosse para ganharem lastro e embalagem com um mais do que expectável bom resultado, aqui na Madeira, provavelmente elegendo três deputados, ou no mínimo mantendo os actuais dois, mas subindo a votação. A razão é muito simples: estão com medo de não conseguirem ganhar, na Região, as nacionais e, na verdade, tal nunca aconteceu, como também nunca aconteceu o PS-M ganhar as regionais.

Ainda para mais, a palhaçada e a trapaça do co-financiamento do Novo Hospital, com a República afinal a dar muito menos do que disse que dava irá ter as suas consequências. Negativas, pois claro. Ainda por cima, os murros na mesa em Lisboa (Cafôfo dixit) não passam de uma cena à Jackie Chan, muita coreografia, apenas isso. Aliás, como em tudo o resto. São vacuidades atrás de vacuidades. Espreme-se o limão e nada sai. Está seco e peco. Basta ver que são, no fundo, no discurso, incapaz de uma ruptura com o que tem sido a prática vigente, bem como nos apoios que estão a ter dos grupos empresariais, o PSD-B! Ou seja: não passam de um clone, o que não augura nada de bom. Como todos sabemos, os clones acabam sempre por dar no torto, acabam sempre por falhar.

Do lado do PSD-M as razões para não quererem as nacionais antes das regionais também são fáceis de perceber. E também há medo. E porquê?! A principal razão é o passeio que certamente António Costa terá por todo o país, conseguindo, quase de certeza, a maioria absoluta, tendo em conta que Rui Rio, a braços com divisões e guerras internas, inclusivamente com um novo partido nascido no seio do PSD e encabeçado por Santana Lopes, não se tem afirmado como líder natural da oposição e não tem conseguido apresentar uma alternativa consistente e credível, basta ver que quem tem sabido ser mais incisivo e melhor desmontando a governação socialista da República é Assunção Cristas do CDS, além de que não é muito provável que BE e PCP consigam crescer muito mais. Resumindo, PSD-M e PSD-M estão com medo da “contaminação” e estão de acordo quanto a datas: as regionais têm que ser antes das nacionais, o que não deixa de ser interessante, ainda que por razões distintas. P.S. Não podia deixar de comentar, mesmo que de forma muito breve, o vídeo, patético de tão artificial, em que o candidato do PS-M, com outros comensais, jantam, caseiramente, para discutir o OE. Pelo que vi até entra um gato, gentilmente afagado. Cá em casa, quando jantamos, também afago o gato, mas discutíamos a possibilidade de vida noutros planetas…A partir de agora vamos discutir se esse vídeo é tão bom quanto “O Ataque dos Tomates Assassinos (trash movie de 1978). O Quino, o meu gato, prefere este àquele.

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