[weglot_switcher]

25 de abril: As Obras da Liberdade

Faz hoje 43 anos que Portugal acordou em Liberdade colocando um ponto final a meio século de ditadura. A sociedade portuguesa sofreu alterações profundas depois de 1974. O Jornal Económico mostra-lhe as grandes obras que marcaram o país depois da revolução dos cravos.
25 Abril 2017, 11h00

Parque Expo em Lisboa 1998 – Ocupando uma zona de 50 hectares a construção da EXPO 98 marcou a cidade de Lisboa e do país. Exposição Internacional de Lisboa de 1998, cujo tema foi “Os oceanos: um património para o futuro”, realizou-se entre 22 de Maio a 30 de Setembro de 1998. Teve o propósito de comemorar os 500 anos dos Descobrimentos Portugueses. A utilização pioneira de ferramentas de design para grandes projectos de arquitectura, engenharia e construção transformou a EXPO’98 num caso de estudo internacional na área do desenho assistido por computador (CAD). Foram aplicadas ainda inovações construtivas contidas na espectacular estrutura da Gare do Oriente, de Santiago Calatrava, no Pavilhão Atlântico, de Regino Cruz, no sistema construtivo de alta tecnologia da FIL, de Barreiros Ferreira ou do Oceanário, de Chermayev. Ressaltam ainda o Pavilhão do Conhecimento dos Mares de Carrilho da Graça e Adão da Fonseca, pela síntese formal e construtiva com a aplicação de betão branco a grande escala, e o Pavilhão de Portugal onde Álvaro Siza Vieira mais uma vez ousado construiu uma verdadeira obra de arte. Uma obra que custou cinco mil milhões de euros.

Barragem do Alqueva – Em 1975 foi dada a aprovação no Conselho de Ministros para a realização da obra e em 1976 dá-se início à construção, sendo interrompida em 1978 e reiniciada em 1995. Trata-se da maior barragem portuguesa e da Europa Ocidental, situada no rio Guadiana, no Alentejo interior, perto da aldeia de Alqueva. A construção desta barragem permitiu a criação do maior reservatório artificial de água da Europa. Uma obra que custou cerca de 2,5 mil milhões de euros.

Estádios Euro 2004 – A 12ª edição do Campeonato Europeu de Futebol de 2004 (UEFA Euro 2004) teve lugar em Portugal, entre 12 de junho e 4 de julho de 2004. Para organizar o terceiro maior evento desportivo do mundo, Portugal construiu e renovou 10 estádios que custaram 665 milhões de euros com a capacidade para 376 mil lugares. Cerca de um milhão de turistas visitaram Portugal neste período, aos quais se juntam mais de dois voluntários e dez mil jornalistas de todo o mundo.

Metro do Porto – Repartida em seis linhas de metropolitano (com oito serviços, incluindo um serviço expresso) espalhadas por sete concelhos da área metropolitana: Porto, Maia, Matosinhos, Póvoa de Varzim, Vila do Conde, Vila Nova de Gaia e Gondomar e uma linha de funicular, o Funicular dos Guindais. Possui um total de 81 estações distribuídas por 70 km de linhas comerciais duplicadas, maioritariamente à superfície, com 9,5 km da rede enterrada. Nos primeiros 10 anos transportou 380 milhões de passageiros, tendo os valores evoluído em crescimento: 51,5 milhões em 20084 e 55,7 milhões em 2011. Custo médio de construção por km – 16 milhões de euros.

Culturgest em Lisboa – Em 1992 a Caixa Geral de Depósitos (CGD) decidiu criar, no seu edifício sede, um centro cultural gerido por uma sociedade denominada Culturgest – Gestão de Espaços Culturais S.A. O início da sua atividade pública data de Outubro de 1993. Em 2008 esta instituição assumiu a forma jurídica de Fundação Caixa Geral de Depósitos – Culturgest, que passou a exercer todas as funções desempenhadas pela anterior sociedade. Sempre financiada pela Caixa e com contribuições de menor vulto de algumas empresas do Grupo, a Culturgest é hoje um instrumento para o apoio e intervenção da CGD na vida cultural portuguesa.

Casa da Música no Porto – É a principal sala de concertos do Porto, em Portugal. Foi projetada pelo arquitecto holandês Rem Koolhaas, como parte do evento Porto Capital Europeia da Cultura em 2001, no entanto, a construção só ficou concluída em 2005, transformando-se imediatamente num ícone da cidade. O espaço foi inaugurado no dia 15 de Abril de 2005, pelo presidente da República Jorge Sampaio. O custo inicial previsto para a construção, excluindo o valor dos terrenos, era de 33 milhões de euros, acabando por custar 111,2 milhões de euros e ficando concluída quatro anos depois do prazo inicial previsto.

Fundação Champalimaud em Lisboa – O Centro de Investigação para o Desconhecido da Fundação Champalimaud é um projecto de autoria do arquiteto goês Charles Correa. Foi inaugurado a 5 de outubro de 2010. Foi criada por testamento do empresário António de Sommer Champalimaud em 2004, tendo sido registada oficialmente em 17 de Dezembro desse ano. O empresário doou 500 milhões de euros para que a Fundação possa desenvolver, apoiar e promover a ciência em Portugal, tendo escolhido como sua presidente Leonor Beleza.

Centro Cultural de Belém(CCB) em Lisboa – Foi iniciado em setembro de 1988 e concluído em Setembro de 1993. Na base da sua construção esteve a necessidade de um equipamento arquitetónico, que pudesse acolher, em 1992, a presidência portuguesa da União Europeia, e que, ao mesmo tempo, pudesse permanecer, como um pólo dinamizador de atividades culturais e de lazer. O projecto definitivo foi decidido no início de 1988. A proposta do arquiteto português Manuel Salgado e do consórcio do arquiteto italiano Vittorio Gregotti foram os vencedores do projeto arquitetónico. De cinco módulos apresentados no projeto, apenas foram construídos, três; o Centro de Reuniões, o Centro de Espectáculos e o Centro de Exposições. O custo final foi de 200 milhões de euros.

Aeroporto de Beja – O Aeroporto de Beja ou Aeroporto Internacional do Alentejo popularmente conhecido como Aeroporto de São Brissos é um aeroporto localizado na base aérea n.º 11 a 12 km da cidade de Beja, freguesia de São Brissos, no Alentejo. O voo inaugural aconteceu no dia 13 de Abril de 2011 promovido pelo município de Ferreira do Alentejo. O aeroporto representa um investimento de cerca de 33 milhões de euros e hoje está praticamente inativo e envelto em polémica.

Ponte Vasco da Gama em Lisboa – Inaugurada a 29 de março de 1998, é a ponte mais longa da Europa e é atualmente a nona mais extensa de todo o mundo, com os seus 17,3 km de comprimento, dos quais 12 estão sobre as águas do estuário do Tejo. É uma das mais altas construções de Portugal, com 155 m de altura. A ponte custou um total de 897 milhões de euros.

Basílica da Santíssima Trindade em Fátima – Localizada na Cova da Iria, freguesia de Fátima é uma enorme basílica dedicada à Santíssima Trindade, com 8.633 lugares sentados e 40.000 m², uma obra da autoria do arquitecto grego Alexandros Tombazis. Foi inaugurada em 12 de outubro de 2007, pelo Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Tarcisio Bertone, por ocasião do 90.º aniversário das aparições. Trata-se do quarto maior templo católico do mundo em capacidade, tendo sido integralmente pago com dádivas dos peregrinos ao longo dos anos. A obra teve um custo de 80 milhões de euros.

Portas do Mar – Terminal de cruzeiros de Ponta Delgada – Localiza-se na cidade de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, nos Açores. Empreendimento, inaugurado em 2008, que modernizou e dinamizou a orla marítima da cidade, associando um terminal marítimo de Cruzeiros e uma marina, com equipamentos públicos, tais como uma piscina, estacionamentos e anfiteatro, um espaço comercial com restaurantes e lojas. O projeto é de autoria do arquiteto Manuel Salgado. Um projeto que custou 66 milhões de euros.

Túnel do Marão – Inserido na auto-estrada entre Amarante e Vila Real, atravessando a Serra do Marão, dando sequência à auto-estrada A4 entre Porto e Amarante. O túnel, na sua conclusão, será o maior túnel rodoviário da Península Ibérica, com 5 665 m2 e serviria de alternativa à Estrada Nacional IP4. A empreitada do túnel foi lançada em 2009, com um investimento inicial anunciado de 350 milhões de euros e com um custo projectado até 2035 de 452 milhões de euros, cerca de 80 mil euros por metro ou 800 euros por centímetro.

Campus da Universidade de Aveiro – O projecto começa a delinear-se na década de 80 e em 1986 foram seleccionados, por uma equipa coordenada pelo arquitecto Nuno Portas, alguns dos mais prestigiados arquitetos portugueses de renome internacional, para projectarem os novos edifícios. Com isto, o Campus Universitário de Santiago viria a ser um contributo de qualidade para o património arquitetónico da cidade. Hoje, podem ser admirados edifícios da autoria de, entre outros, Alcino Soutinho, Álvaro Siza Vieira, Pedro Ramalho, Luís Ramalho, José Maria Lopo Prata, Eduardo Souto Moura, Adalberto Dias, Rebello de Andrade, Jorge Kol de Carvalho, Gonçalo Byrne e Figueiredo Dias, anualmente visitados por centenas de especialistas nacionais e estrangeiros.

Ao contrário do que sucede com outras universidades, aqui encontram-se reunidas num único espaço todas as infra-estruturas de estudo, de investigação, de apoio, culturais, desportivas e de lazer, oferecendo excelentes condições de vida a todos os que fazem parte da comunidade académica da UA. A área do campus da Universidade de Aveiro é equivalente a 92 campos de futebol.

Taguspark em Oeiras – Foi o primeiro parque tecnológico a nascer em Portugal, no ano de 1992, e atualmente encontram-se instaladas entidades como o ISQ -Instituto de Soldadura e Qualidade, parte da Portugal Telecom, Nokia Siemens Networks, Banco Espírito Santo e o Millennium BCP. Duas universidades também se encontram neste parque tecnológico: o Instituto Superior Técnico e a Universidade Aberta. Fazem parte deste empreendimento diversos serviços de apoio, tais como Centro de Congressos, farmácia, restaurantes, agências bancárias e ginásios. Em 2013 foi inaugurada a primeira fase da Praça Central, com a instalação da farmacêutica Novartis. Neste mesmo ano foi igualmente inaugurada uma residência de estudantes adjacente ao Instituto Superior Técnico com capacidade para 82 alunos. O Taguspark é considerado um dos principais parques tecnológicos da Europa.

Travessia de comboio na Ponte 25 Abril – Embora estivesse previsto desde o projeto inicial, só em 1999 é que os comboios começaram a passar sob o tabuleiro superior da ponte. As obras obrigaram a um sólido reforço da estrutura, com a colocação de um segundo cabo de sustentação. Envolveram também a ampliação do tabuleiro rodoviário para seis faixas, que foram inauguradas um pouco antes, no final de 1998. As obras custaram 250 milhões de euros.

Programa Polis: Programa de Requalificação Urbana e Valorização Ambiental das Cidades – Permitiu requalificar em grandes dimensões realizadas em 39 cidades portuguesas. Algumas obras monumentais que foram financiadas por fundos comunitários e com uma participação do Estado em 60% e as autarquias com 40%. Alguns ainda ficaram com obras por concluir. Contudo, foi um dos programas nacionais que mais contribuiu para modificar a imagem das maiores cidades portuguesas.

Parque Escolar  – Em 2007, foi criada a empresa e lançado o Programa de Requalificação das Escolas Secundárias, que abrange 332 das cerca de 500 escolas com ensino secundário existentes. No início da sua atividade— em março de 2007 —, o Programa era estimado em 2.400 milhões de euros. Até 2011, tinham sido investidos 2.405 milhões de euros; 1 243 em 95 escolas concluídas e 1162 em 86 escolas em intervenção. Os desvios orçamentais serviram de “arma”» para a luta eleitoral da época. Mas apesar da derrapagem orçamental —tão caraterística de grande parte das obras públicas em Portugal, antes e depois do 25 de Abril —dados obtidos por uma auditoria internacional permitiram concluir que os custos de projetos europeus de características análogas aos projetos do Programa de Modernização apresentam custos que são sensivelmente o dobro dos custos do Programa de Modernização que a Parque Escolar tinha vindo a conseguir. O programa entrou em “banho-maria” com a entrada em execução do Programa da Troika.

 

Para além desta lista, muitos outros grandes projetos marcaram as nossas cidades e o país. Estradas, viadutos e pontes rasgaram Portugal nos últimos 43 anos. Não esquecendo as renovações e ampliações dos aeroportos de Lisboa, do Sá Carneiro no Porto, o de Faro, os das ilhas, sobretudo a grande obra de ampliação da pista do aeroporto da Madeira, uma obra brilhante realizada entre 1982 e 1986 com um aumento para 1.800 metros, o engenheiro António Segadães Tavares adaptou os estudos de Edgar Cardoso e planeou a nova ampliação da pista.

Também não podemos esquecer a obras no sector energético e que alteraram por completo o mapa do país, nomeadamente:

21 novas Barragens Hidroeléctricas, com um total de Potência instalada de: 3.975,8 MW.

11 novas Centrais Termoelétricas com um total de Potência instalada de: 3.548,1 MW.

35 novos Parques Eólicos com Potência Total instalada de: 582,97 MW

Mencionámos algumas obras que marcaram Portugal nos últimos 40 anos mas sem dúvida que outros grandes projetos se juntam a estes na grandeza e na importância que tiveram para o país.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.