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25 de abril: BE quer país governado pela Constituição “e não para as contas de uma folha de Excel”

No discurso da sessão solene comemorativa do 44.º aniversário do 25 de Abril, que decorre hoje no parlamento, Isabel Pires começou por chamar a atenção para a existência de presos políticos “aqui ao lado”, lamentando a falta de “uma solução política para a Catalunha”.
25 Abril 2018, 12h02

A deputada do BE Isabel Pires defendeu esta quarta-feira que na “geração dos filhos de Abril” são “todos Serviço Nacional de Saúde”, pedindo um país governado pela Constituição “e não para as contas de uma folha de Excel”.

No discurso da sessão solene comemorativa do 44.º aniversário do 25 de Abril, que decorre hoje no parlamento, Isabel Pires começou por chamar a atenção para a existência de presos políticos “aqui ao lado”, lamentando a falta de “uma solução política para a Catalunha”, uma vez que a “monarquia espanhola está a esmagar as mais elementares garantias de um Estado de Direito”.

“A democracia que recuperou a República construiu o Estado Social, garantia da solidariedade e da igualdade que Abril idealizou. Na geração dos filhos de Abril somos todos SNS [Serviço Nacional de Saúde]”, disse.

A deputada do BE pediu “um país governado pela ideia da sua Constituição, a Constituição de Abril, e não para as contas de uma folha de excel”.

“Porque as contas que importa acertar não se atingem pela lente dos tratados orçamentais, mas com uma economia que funcione para todos e não apenas para uns poucos”, concretizou.

Tudo o que falta fazer, continuou Isabel Pires, “da educação à habitação, da justiça ao trabalho” é preciso “colocar na agenda política”.

“Caberá tudo isto num orçamento? Não, mas certamente passa por ele. Será que agrada ao Eurogrupo? Provavelmente não, mas Abril nunca rimou com Eurogrupo”, disse, com o presidente desta entidade e ministro das Finanças, Mário Centeno, sentado na bancada do Governo.

A deputada do BE disse não querer “um regresso ao passado, porque isso é a precariedade do presente”, nem “um país fechado” uma vez que “para isso já basta a União Europeia”.

“Quero um país aberto à Europa e ao mundo. Que se solidariza com os povos e as suas lutas emancipatórias, que acolhe os que fogem da guerra, da fome, e da miséria. Que protege os seus dos achaques dos mercados financeiros e da predação e arrogância das multinacionais”, defendeu.

Para Isabel Pires, “a Serviço Nacional de Saúde é dos maiores manifestos à liberdade e à igualdade da sociedade portuguesa”, uma vez que “acolhe e trata da mesma forma ricos e pobres, empregados e desempregados, refugiados ou membros do Governo”.

“Em pouco mais de quatro décadas projetou o país de elevadas taxas de mortalidade infantil para os melhores indicadores de saúde mundial”, elogiou, rejeitando a caricatura do SNS que “o transforma num alçapão para negócios privados”.

Saudando os Capitães de Abril “que abriram as portas da Revolução”, Isabel Pires, disse ter nascido num hospital público, estudado numa escola pública e tirado, “os ombros de gigante” quer permitem “ir mais longe”.

“A minha geração não é ingrata, mas não cai na ingenuidade. Percebemos como, troika sim troika não, a ideia da Constituição de Abril da construção de um país mais livre, mais justo e mais fraterno’ vai sendo reinterpretada, alterada, e mesmo atacada”, criticou a deputada nascida em 1990.

Além da questão dos presos políticos da Catalunha, a parlamentar bloquista não esqueceu a situação no Brasil, avisando que se podem “matar um homem ou uma mulher, mas nunca as suas ideias”.

“Se os democratas brasileiros chamam por nós, resta-nos uma resposta: país de Abril, presente! Não vos viramos as costas. Nenhum golpe antidemocrático passará sem a nossa denúncia”, garantiu.

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