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CP nomeia diretores para o negócio da alta velocidade

Quer o primeiro-ministro António Costa, quer o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, têm, aberto a porta ao regresso da discussão pública deste tema.
4 Fevereiro 2020, 07h49

Do conjunto de 124 cargos de direção e chefia decididos pela administração da CP no âmbito da nova estrutura organizativa criada para a transportadora ferroviária nacional, como o ‘Jornal de Negócios’ avançou ontem, dia 3 de fevereiro, em primeira mão, dois deles destinam-se à área de alta velocidade.

Esta decisão significa que a transportadora ferroviária nacional vai estar atenta ao desenvolvimento neste segmento do transporte ferroviários nos próximos anos, confirmando algumas declarações recentes nesse sentido proferidas por diversos elementos do atual Governo, como o primeiro-ministro António Costa ou o ministro da tutela, Pedro Nuno Santos.

Para o pelouro de alta velocidade a administração da CP, liderada por Nuno Freitas, selecionou Eduardo António Alves da Silva e Nuno Miguel Bessa Gonçalves Barros, como adjunto.

O regresso a Portugal da discussão sobre o projeto de alta velocidade ferroviária tem vindo a ser admitido de forma progressiva por diversos governantes nos últimos meses.

“Acho curioso que as pessoas fiquem agora muito aflitas quando foram todas em uníssono contra a integração de Portugal na rede de alta velocidade e ibérica. Tenho a certeza que um dia chegará o momento de fazer, de novo, essa discussão. Mas gosto pouco de perder tempo com discussões fora do tempo que conduzem a resultados errados. Tenho a certeza que, um dia, Portugal não ficará uma ilha isolada da rede ibérica de alta velocidade. Mas essa discussão deve ser quando houver condições políticas adequadas para que posa ser feita com sucesso”, perspetivou António Costa, numa entrevista concedida à ‘Notícias Magazine’, do ‘Jornal de Notícias’, publicada no passado dia 2 de fevereiro.

Questionado sobre quais seriam as referidas condições políticas para voltar a discutir o polémico tema da alta velocidade ferroviária em Portugal, o primeiro-ministro disse: “Acho que neste quadro comunitário seguramente não haverá dotação financeira para realizar esse investimento”.

“Temos de ter o debate ao longo dos próximos sete anos. Temos de tomar decisões, temos de concretizar um traçado, de forma a que o quadro comunitário pós-2027 tenha as verbas necessárias”, defendeu o chefe do Governo.

António Costa garantiu que “esta tem de ser a legislatura que vai concluir o ‘Ferrovia 2020’, que vai executar as obras que estão previstas no programa nacional de infraestruturas e que vai lançar seguramente as bases para essa discussão: de como é que nos inseriremos na rede de alta velocidade”.

“Foi um debate viciado, muito centrado numa discussão sobre a ligação de Lisboa a Madrid, quando essa não é verdadeiramente a questão”, acusou António Costa, acrescentando que “a Espanha desenvolveu uma rede que liga todas as principais cidades espanholas à rede de alta velocidade”.

“E a questão que o país vai ter de debater um dia é se fica fora dessa rede ou se insere também os principais núcleos urbanos, como o Porto, como Lisboa, Aveiro, Braga, Leiria, e o conjunto da rede das capitais de distritos do interior nessa rede ibérica de alta velocidade. Esse é um debate que o país um dia terá de fazer. Se eu tenho uma opinião? Tenho, mas não vale a a pena estar a dar de forma extemporânea. Não é agora, que estamos a concluir a aprovação de um quadro financeiro plurianual entre 2020 e 2027 que vamos abrir uma discussão [sobre um a questão] que já não tem condições de ser financiada neste quadro”, assumiu António Costa.

O primeiro-ministro considera que, “em 2016, coma aprovação do ‘Ferrovia 2020’, tivemos uma rutura com décadas de abandono da ferrovia”.

E o chefe de Governo nega que tenha adiamentos generalizados. “Tudo adiado? Está tudo em obras ou concretizado. A eletrificação entre o Porto e Viana está concluída e já está em curso a obra de Viana até Valença, e do Marco de Canaveses até à Régua. Em Castelo Branco, está em obra a ligação entre a Covilhã e a Guarda, que estava encerrada. Está em execução a maior obra ferroviária dos últimos cem anos, que é a ligação do porto de Sines à fronteira. São dois mil milhões de euros já em curso no âmbito do ‘Ferrovia 2020’… a par disto, temos em aquisição um conjunto de 22 composições para os regionais da CP e foram também reabertas as oficinas de Guifões (…) onde já estão a ser recuperadas dezenas de composições que estavam abandonadas”, elencou António Costa.

O primeiro-ministro destacou ainda que “está em execução a obra ferroviária do século”.

“Não do século, é dos últimos cem anos, que é todo o corredor sul de ligação do porto de Sines à fronteira. Está em preparação, e vai ser executada, a eletrificação da linha do Algarve, da linha do Oeste. A par disto, temos em aquisição um conjunto de composições que há décadas estavam para ser adquiridas. Portanto, estamos a fazer um esforço como nunca tinha sido feito. Agora, se me pergunta se em quatro anos recuperamos 40 anos de abandono da ferrovia, não recuperamos e é um trabalho que tem de ter sequência, durante esta década e nas próximas”, advogou o líder do Executivo.

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