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Covid-19: Portugueses apostam menos 5,6 milhões de euros no Euromilhões, Totoloto e Joker

Sorteio de sexta-feira do Euromilhões foi o mais afetado, com uma quebra de 41,53% em relação à semana anterior. Apesar de papelarias, tabacarias e outros mediadores continuarem a funcionar durante o Estado de Emergência, todos os jogos sociais da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa estão a sofrer fortes quebras devido ao isolamento social.
23 Março 2020, 08h11

A primeira semana de aplicação das medidas de prevenção e contenção da pandemia da Covid-19 que levaram grande parte dos portugueses a manterem-se em casa quase 24 horas por dia teve um forte impacto no Euromilhões, Totoloto e M1lhão, com uma quebra de 5,6 milhões de euros nas receitas ilíquidas desses três jogos sociais da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Um rombo ao qual se junta o do Totobola, mais limitado devido à fraca procura desse concurso, suspenso na semana passada devido à interrupção das competições de futebol em Portugal e da esmagadora maioria das ligas de futebol à volta do mundo.

Apesar de as tabacarias, papelarias e mediadores de jogos sociais terem sido incluídos nos estabelecimentos de atendimento ao público que podem continuar abertos enquanto vigorar o Estado de Emergência, à medida que a semana avançou tornou-se mais notória a diminuição do número de portugueses interessados em tornarem-se “excêntricos euromilionários”. O concurso de sexta-feira do Euromilhões sofreu uma quebra de 41,53%, com menos 1.278.821 apostas registadas (o que corresponde a menos 2,8 milhões de euros, pois 30 cêntimos de cada aposta de 2,50 euros destinam-se ao M1lhão), enquanto o de terça-feira – que habitualmente implica uma faturação inferior em um terço – caiu 18,59%. Menos 393.310 apostas registadas levaram a que houvesse menos 865.282 euros.

Também o M1lhão, cujos resultados estão diretamente ligados aos do Euromilhões, foi extremamente afetado pelo isolamento social com que se procura evitar a propagação do coronavírus. Neste jogo social da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa foram atribuídos menos 34,11% códigos de participação no sorteio de sexta-feira que, como em todas as semanas, atribuiu um milhão de euros. Foi uma descida de 1.771.525 códigos de participação em relação à semana anterior.

Mais limitadas, mas também visíveis, foram as consequências para as receitas do Totoloto da alteração que ainda não se sabe quão temporária irá ser nos comportamentos. O sorteio de quarta-feira teve uma quebra de 18,54% no número de apostas (e menos 534.812,50 euros de receitas ilíquidas), mas o de sábado já ficou marcado por uma descida de 27,49% (menos 891.422,5o euros), o que não impediu um apostador a tornar-se provavelmente o português ou portuguesa mais feliz de entre todos os compatriotas, pois ganhou o primeiro prémio, no valor de 14,4 milhões de euros, depois de o jackpot se ter acumulado ao longo de meses.

Além da descida pronunciada destes concursos, as limitações na circulação de pessoas, por um período que o primeiro-ministro António Costa e o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa já avisaram que poderá prolongar-se para lá dos 15 dias de vigência do decreto de declaração do Estado de Emergência, também deverão ter um efeito muito significativo noutras fontes de receita do Departamento de Jogos da Santa Casa de Misericórdia de Lisboa.

Algo que se aplica à Lotaria Clássica, Lotaria Popular e Placard (que no fim-de-semana se limitou a apostas sobre jogos das ligas de futebol angolana e australiana), e ainda mais às lotarias instantâneas, vulgarmente conhecidas por “raspadinhas”, que garantiram a maioria das receitas geradas pelo Departamento de Jogos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa em 2018, o último ano para o qual existem dados oficiais, numa faturação total de 1.574 milhões de euros.

A diminuição das receitas dos jogos sociais terá igualmente reflexo nas verbas destinadas ao Ministério da Administração Interna (para apoio a associações de bombeiros voluntários, iniciativas de prevenção de riscos dirigidas a pessoas vulneráveis e apoio ao policiamento de espetáculos desportivos), ao Ministério da Saúde (nomeadamente para apoiar a luta contra o cancro e a sida), ao Ministério da Educação (apoio ao desporto escolar e bolsas de mérito), ao Ministério do Trabalho e da Solidariedade (apoio a programas sociais, a instituições particulares de solidariedade social, combate à pobreza e exclusão ou programas para deficientes), ao Ministério da Cultura (Fundo de Fomento Cultural) e à Presidência do Conselho de Ministros (Instituto do Desporto de Portugal e Instituto Português da Juventude). Além das verbas destinadas aos governos regionais da Madeira e dos Açores.

Para a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa fica reservado 26,52% do valor dos resultados líquidos de exploração dos jogos sociais, igualmente aplicados em assistência social e cultural.

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