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Rio responde a PNS e recorda declarações feitas pelo socialista em 2011 no tempo da troika: “Estou-me marimbando para os credores”

Depois das críticas feitas por Pedro Nuno Santos à sua solução para a TAP, o líder do PSD recordou um episódio que teve lugar em 2011, quando o socialista era deputado.
17 Janeiro 2022, 12h57

O líder do PSD veio a público responder ao ministro das Infraestruturas sobre a TAP. Rui Rio recordou um episódio ocorrido em 2011 quando a troika já estava presente em Portugal: “E esta, hein?”, escreveu o social-democrata nas redes sociais mostrando imagens do episódio que teve lugar há 10 anos.

“A primeira responsabilidade de um primeiro-ministro é tratar do seu povo. Na situação em nós vivemos, estou-me marimbando para os credores e não tenho qualquer problema, enquanto político e deputado, de o dizer. Porque em primeiro lugar, antes dos banqueiros alemães ou franceses, estão os portugueses”, disse Pedro Nuno Santos em dezembro de 2011 durante um jantar de Natal socialista de Castelo de Paiva, citado na altura pela “Rádio Renascença”, a partir da gravação obtida pela “Rádio Paivense FM”.

“Nós temos uma bomba atómica que podemos usar na cara dos alemães e franceses – ou os senhores se põem finos ou nós não pagamos. As pernas dos banqueiros alemães até tremem”, afirmou então deputado e vice-presidente da bancada parlamentar do PS.

“Nós temos primeiros-ministros na Europa que estão mais preocupados em passar uma mensagem aos credores: que nós somos gente responsável; não se preocupem, nós vamos pagar a dívida toda, nem que o nosso povo corte os pulsos e passe fome, mas nós vamos tratar de pagar a nossa dívida”, disse na altura o então líder do PS-Aveiro.

Rui Rio respondeu assim às fortes críticas feitas por Pedro Nuno Santos à sua proposta para a TAP. O líder do PSD disse que, se fosse primeiro-ministro, teria deixado falir a TAP quando a crise da pandemia atingiu a aviação mundial e abria outra companhia aérea, se houvesse interesse de privados, mas o responsável da tutela da companhia aérea criticou esta solução.

“Um candidato a Primeiro-Ministro assume publicamente fazer aquilo que, infelizmente, muitos empresários em Portugal sofrem na pele: um devedor encerra a sua empresa, não paga o que deve aos credores e abre outra empresa ao lado, com outro nome, para continuar o mesmo negócio. Triste exemplo que dá a quem não é sério no mundo empresarial. Portanto, a solução de Rui Rio é que a TAP, empresa com 50% de capital público, “enfiasse” um calote a todos os credores, incluindo empresas portuguesas e cidadãos nacionais que tinham obrigações da própria TAP. Um homem que pensa assim não pode ser Primeiro-Ministro”, reagiu Pedro Nuno Santos nas redes sociais.

O ministro olha também para o caso da companhia aérea italiana Alitalia que também foi alvo de um resgate devido à pandemia da Covid-19.

“Rui Rio invoca casos de outros países para justificar a sua opção. Vamos então ao mais recente: o encerramento da Alitalia. O governo italiano já tinha injetado 900 milhões de euros na Alitalia quando decidiu fazer o que Rui Rio sugeriu para a TAP. A Comissão Europeia autorizou o encerramento da Alitalia e a abertura de uma nova companhia (a ITA) mas… esta nova companhia só podia ficar com 52 aviões (a TAP ficou com 96) e tinha de prescindir de 57%, dos slots no seu hub, o aeroporto de Roma (a TAP só teve de prescindir de 5% dos seus slots). Mas esta nova companhia aérea não ficou isenta de custos. O Estado Italiano perdeu os 900 milhões de euros que já tinha injetado na Alitalia e ainda terá de injetar 1350 milhões na nova companhia aérea ITA. Portanto, 2250 milhões de euros para ficarem com uma Alitaliazinha. Portugal continua com uma TAP”, acrescentou o ministro.

“Cumprimento Rui Rio por ter tido a audácia de dizer o que teria feito como Primeiro-Ministro, mas fica claro o seu nível de impreparação para o cargo”, rematou Pedro Nuno Santos.

Na sexta-feira, Rui Rio revelou o que faria com a companhia aérea devido à crise que abateu durante a pandemia. “No momento em que a TAP faliu completamente por força da pandemia, e uma vez que o historial da TAP é este, a TAP tinha mesmo de fechar e, se houver interesse da parte de privados, fazer ao lado de raiz uma companhia nova, como foi o que foi feito pelos outros países”, afirmou, citado pela “CNN Portugal”.

“No futuro, com um altíssimo grau de probabilidade, a TAP vai continuar de mão estendida ao contribuinte português. Por isso, o anterior Governo [de Passos Coelho] privatizou a TAP, e bem. O Governo de António Costa fez o contrário”, disse o líder do PSD.

 

 

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