Mobilização. É uma expressão que começa a ganhar força e maior expressão nas sociedades do continente europeu. Há caravanas de mantimentos que partem de diversos países rumo à Ucrânia. Outras levam medicamentos. Outras ainda roupa. Outras levam de tudo isto um pouco. Mas há também quem coloque a sua arte nas redes sociais para, através de leilões, angariar dinheiro que será enviado para diversas instituições e plataformas solidárias com os cidadãos ucranianos.
São vários os leilões em curso na rede social Instagram. As licitações decorrem até sexta-feira, 4 de março, e incluem peças como “Blue-Yellow Mirror Beam”, do artista Germans Ermičs (@germansermics), da Letónia, que doará o valor obtido a instituições de beneficência. “O esforço para proteger a independência e a soberania da Ucrânia será muito maior e mais impactante se todos nos manifestarmos. Precisamos de nos unir em toda a Europa para salvaguardar nosso futuro comum”, escreveu Ermičs numa publicação.
Da Holanda, mais concretamente de Roterdão, vem outra iniciativa, desta feita da designer Sabine Marcelis (@sabine_marcelis), que decidiu doar uma obra da série “Candy Cubes”. A base de licitação foi de 500 euros, mas poucas horas antes do fecho do leilão, dia 02 de março, o valor oferecido ascendia a mais de cinco vezes seu preço base, 2.600 euros. Marcelis está ainda presente na plataforma Rira Objects (@riraobjects) por iniciativa desta, com “Medium Glaze”, lado a lado com peças de outros dois artistas, cujas receitas de venda irão reverter a favor da Cruz Vermelha Ucrânia.
O designer e ceramista Karl Monies, sediado em Copenhaga, é outro dos artistas que aderiu a esta vaga solidária, associando-se à UNICEF nos esforços de proteger os 7,5 milhões de crianças ucranianas. As suas obras serão leiloadas no Instagram (@karl_monies) até sexta-feira, 4 de março, usando a hashtag #slavaukraini (Glória à Ucrânia).
A hashtag artists.support.ukraine, no Instagram, convida os artistas de todo o mundo a postarem as suas criações na sua página em apoio à paz, numa tentativa de ajudar a travar “a guerra de Putin contra a Europa e a Ucrânia”.
Da Rússia, com protestos
A arte pode ainda não ter a capacidade de pôr fim a conflitos, mas terá, certamente, o poder de incomodar. Se assim não fosse, os manifestantes que, na Rússia, ousam contestar a decisão do seu Presidente, não sentiriam a sua mão de ferro.
Apesar disso, há quem continue a mobilizar-se e não baixe os braços. É o caso de Nadya Tolokonnikov – mais conhecida como Nadya Tolokno, cofundadora das Pussy Riot e uma voz particularmente crítica do regime de Vladimir Putin –, que lançou uma organização autónoma descentralizada (DAO) que vai vender NFT para apoiar as vítimas da invasão russa.
A ucraniana DAO (@Ukraine_DAO) foi fundada em colaboração com a Trippy Labs e a PleasrDAO com o objetivo de cunhar 10.000 NFT da bandeira ucraniana na criptomoeda Ethereum. Os lucros das vendas serão distribuídos entre a Return Alive Foundation e a Mission Proliska.
“As sanções contra o Kremlin não foram suficientemente robustas quando Putin anexou a Crimeia, em 2014. Por essa razão, prendeu Navalny, transformou a vida das Pussy Riot e de outros ativistas russos num inferno, obrigou muitos de nós a deixar as suas casas e a fugir, e agora começou uma guerra na Europa. Quando estará safisteito….”, escreveu Tolokonnikov num post recente no Twitter.