A dimensão do problema e como é que eu posso evitar a perda de visão

A Retinopatia diabética é a primeira causa de cegueira, em Portugal, na população em idade produtiva (entre os 20 e os 65 anos). Esta cegueira pode ser evitada se forem tomadas as medidas apropriadas. Em Portugal existe cerca de 1.300 000 diabéticos. Cerca de 250 000 têm retinopatia diabética e cerca de 25 000 têm perda de visão que pode ser grave e levar à cegueira.

A diabetes provoca complicações em muitos órgãos, mas a cegueira é a complicação da diabetes que as pessoas mais temem. Mais de 90% destes casos de perda grave de visão ou de cegueira podiam ter sido evitados se tivesse sido feito um bom controlo metabólico e um tratamento atempado da doença.

O que pode ser feito para evitar que a diabetes provoque perda de visão?

Um bom controlo metabólico (controlo da glicémia, da tensão arterial, colesterol, peso/obesidade), estilo de vida saudável (vida sedentária com prática de exercício físico diário, não fumar, alimentação saudável) e avaliação periódica pelo Médico Oftalmologista

Estão todos os doentes com diabetes em risco de retinopatia diabética?

As lesões de retinopatia diabética surgem em regra a partir dos 5 anos de doença. Aos 15 anos de diabetes, cerca de 75% dos diabéticos tipo 2 e mais de 90% dos diabéticos tipo 1 poderão ter lesões de retinopatia diabética. Aos 20 anos de doença quase todos os doentes têm retinopatia diabética.

Quando é que um diabético deve consultar pela primeira vez um Médico Oftalmologista?

Na diabetes tipo 1- depois do início da puberdade e até 5 anos após o diagnóstico da diabetes. Na diabetes tipo 2- na altura do diagnóstico. O médico oftalmologista vai certamente informá-lo do estado da sua retina e indicar-lhe quando deve fazer uma nova avaliação.

A retinopatia diabética dá sintomas?

Sim, mas o doente diabético não deve, em circunstância alguma, ficar à espera dos sintomas para ir ao Oftalmologista. Quando surgem os sintomas já é tarde. Os sintomas mais frequentes são perda de visão, moscas volantes, visão enevoada, perda da visão de condução e de leitura, variação da correção que usa nos óculos (ex: criança que deixa de ver para o quadro na escola, subitamente). A catarata aparece também mais cedo nos doentes diabéticos.

Quais são os tratamentos existentes para a retinopatia diabética?  São mais eficazes? Durante mais de 30 anos a fotocoagulação laser foi o único tratamento existente para a retinopatia diabética. Permitiu salvar da cegueira muitas pessoas. Hoje mantém a sua indicação no tratamento das formas mais graves da doença – a retinopatia diabética proliferativa.

No tratamento do edema macular as injeções intravítreas  de antiangiogénicos são a primeira opção e os corticoides (implantes intravítreos) surgem como segunda opção  na maioria das situações. Estes tratamentos permitem estabilizar a visão com que se inicia o tratamento na grande maioria dos casos e melhora-la em mais de metade dos doentes tratados. São efetuados de forma repetida, com maior frequência no primeiro ano. Apesar de termos estes novos medicamentos, os aspetos mais importantes do tratamento da retinopatia diabética residem na prevenção, no diagnóstico precoce e no tratamento atempado.

Os rastreios são uma arma importante. Permitem diagnosticar a retinopatia diabética mais cedo, antes de haver perdas graves de visão, e orientar os doentes para o tratamento. Devem ser feitos sempre sob a orientação dos Médicos Oftalmologistas e em coordenação com os médicos de Medicina Geral e Familiar. O tratamento iniciado em fases tardias da doença esta associado a maior prevalência de cegueira e maiores custos.

Dispomos hoje de armas terapêuticas que são mais eficazes. Mas o diagnóstico precoce, o bom controlo metabólico, a adoção de um estilo de vida saudável e o tratamento iniciado nas fases precoces da doença, são certamente os aspetos mais importantes a reter, na prevenção e no tratamento da retinopatia diabética. No seu conjunto permitem evitar a perda de visão em mais de 90% dos casos.