O orçamento para cibersegurança não deve ser entendido pelas empresas como “apenas X milhares de euros” dedicados à proteção dos sistemas informáticos. O montante deve ter retorno e envolver pessoas além de tecnologia, defendeu Miguel Dias Fernandes, sócio de Consultoria da PwC, na conferência online “Cibersegurança: a renovada prioridade das empresas”.
O “Cyber Survey Portugal 2021”, elaborado pela consultora, concluiu só 35% das organizações reconheciam ter uma preocupação em, frequentemente, levar o orçamento para cibersegurança ao ponto de decisão (conselho de administração). Para o partner, apesar o tema nem sempre estar na gestão de topo, “há bons exemplos em Portugal que trabalham de uma forma clara e têm uma estratégia de resiliência cibernética”. “Já não é «e se for eu?»” é «eu vou ser».
No caso da Microsoft, a tecnológica diz que acompanha todos os dias cerca de 40 estados-nação e mais de 140 grupos criminosos que estão previamente identificados “Disso e de muitas outras sondas que temos espalhadas reunimos diariamente 24 triliões de sinais. No ano passado bloqueámos 32 biliões de ameaças por email”, comentou Ricardo Pires Silva, diretor executivo de vendas de soluções cloud da Microsoft Portugal, na web conference que se realizou esta quarta-feira. “Acreditamos que só essa abordagem de defesa em profundidade ajudar-nos-á a detetar e proteger e a responder a esta nova realidade de ameaças”, sublinhou.
O CEO da Multicert, empresa que gere o SIBS Cyber Cyberwatch, concorda que existem bons exemplos no país. “É verdade que muitas empresas ainda precisam de algum guidance para dizer qual é a jornada e o caminho, mas há outras que já sabem e já o têm muito bem traçado”, garantiu Pedro Norton Barbosa, na sessão promovida pela Microsoft Portugal e da qual o Jornal Económico foi media partner. “Temos de proteger aquilo que conhecemos e detetar rapidamente aquilo que não conhecemos. Todos os dias há novos ataques, novas técnicas e novas famílias de malware”, advertiu ainda.
Já Ricardo Pires Silva, da Microsoft Portugal, aconselha as organizações a terem uma visão holística e a apostarem em acordos com parceiros. “Com a volumetria de dados que hoje é produzida é impossível para uma empresa individual conseguir tratá-los, por isso é que nós acreditamos muito nas sinergias, inclusive entre clientes, e em serviços cloud. Isto é um jogo de equipa entre humanos e máquinas”, assegura.