Nos últimos anos, houve um grande crescimento na procura por eletrónicos, sendo eles eletrodomésticos, computadores ou equipamento médico. Esta alta procura, juntamente com o fecho das fábricas, devido à atual pandemia, gerou um desequilíbrio entre a procura e a oferta destes componentes, os semicondutores, presente em todos os eletrónicos.

Este acontecimento gerou um aumento nos preços dos eletrónicos, sendo que a previsão é para continuarem a aumentar, pois, apesar de já existirem planos em ação para a construção de novas fábricas, as mesmas só estarão operacionais em 2023.

A Semiconductors Equipment and Materials anunciou em junho deste ano que serão construídas 19 fábricas em 2021 e uma dezena em 2022, devendo a construção das mesmas, incluindo a instalação de equipamento, estar concluída em 2023. Estas fábricas estão distribuídas da seguinte forma: oito na China, seis em Taiwan, seis na América do Norte, duas no Japão e duas na Coreia do Sul.

A chegada do 5G veio também contribuir para esta escassez, uma vez que os semicondutores utilizados nos equipamentos que suportam esta nova tecnologia são os mesmo que a indústria automóvel utiliza, aumentando a necessidade daqueles semicondutores sem aumentar a produção dos mesmos, devido à incompatibilidade das fábricas em produzir as quantidades necessárias.

No entanto, esta escassez tem afetado positivamente os mercados. Em 2019, o mercado dos semicondutores cresceu cerca de 29,2%, sendo que o índice PHLX, que segue o sector dos semicondutores, disparou cerca de 100% entre 2019 e 2020, registando neste momento um crescimento de 20%, YTD.

Muitos investidores têm entrado neste mercado devido ao seu crescimento, seja através da compra de ações individuais ou através de ETF, sendo que na Europa existem apenas dois disponíveis – um foi criado em dezembro de 2020 e pertence à empresa VanEck, o outro data de agosto de 2021 e é detido pela BlackRock.

Uma das maiores empresas neste mercado é a NVIDIA, a qual tem registado um forte crescimento: no dia 18 de agosto, os resultados do segundo trimestre deste ano atingiram valores recorde, com um crescimento de 15% em apenas três meses, superior, por exemplo, ao valor anual médio de retorno do S&P500.

Os retornos deste mercado estão acima da média de outros índices, sendo que os mesmos são justificados pelo risco acrescido inerente ao setor, mas dada a contínua evolução para uma era cada vez mais digital, será este um mercado verdadeiramente com elevado risco?

O artigo exposto resulta da parceria entre o Jornal Económico e o ITIC, o grupo de estudantes que integra o Departamento de Research do Iscte Trading & Investment Club.