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A herança económica de François Hollande

A elevada taxa de desemprego, o fraco crescimento económico e o aumento da dívida pública deixam um cenário instável para o próximo presidente.
8 Maio 2017, 07h15

Quando François Hollande chegou à presidência da França, em maio de 2012, prometeu enfrentar uma dura batalha: baixar os números do desemprego, na altura nos 9,3%. Um ano depois, a taxa situava-se nos 10,3% e o número de inscritos nos centros de desemprego registou um aumento de 36.900 pessoas. Ou seja, 3,2 milhões de franceses à procura de emprego, ultrapassando o anterior recorde de 1997 (3,1 milhões).
Na altura, de visita à China, Hollande exprimiu um desejo: “Que os franceses possam unir-se para esta causa nacional: a luta contra o desemprego. É a única união que convém”, afirmou. O desejo não se concretizou. No quarto trimestre de 2016, o desemprego caiu para os 9,7%, mas ainda assim ligeiramente mais alto do que quando subiu ao poder. Recorde-se que Hollande pretendia estimular o crescimento em França, criar 150 mil novos empregos, introduzir taxas mais altas de impostos e criar um novo imposto sobre transações financeiras.
Também a dívida pública não parou de aumentar e atingiu 96% do PIB em 2016. O défice tem vindo a ser reduzido (foi de 3,4% em 2016) mas continua acima do exigido pelo pacto de estabilidade.
Impostos e pacote laboral
Segundo o gabinete oficial de estatísticas da União Europeia, França (47,9%), Dinamarca (47,6) e Bélgica (47,5%) são os Estados-membros com as maiores percentagens de receitas de impostos e contribuições sociais.
Também o novo pacote laboral, que entre outras medidas, flexibilizava os despedimentos trouxe o caos à sociedade francesa. Ao jornal “The Guardian”, o cientista político Pierre Mathiot explicou que Hollande estava “numa armadilha independentemente daquilo que fizer.”
No entanto, entrou em vigor no início do ano uma norma que reconhece aos trabalhadores o “direito a desligar”, ou seja, a ficar ‘offline’, sem atender telefonemas ou responder a mails profissionais fora do horário de trabalho.
Os números sobre o crescimento não são positivos. A economia francesa teve um desempenho modesto no início do ano. Nos primeiros três meses de 2017, o PIB progrediu 0,3%, contra 0,5% no quarto trimestre do ano passado.
Já as empresas começaram a beneficiar de um alívio da carga fiscal, o que trouxe boas notícias para a indústria, com o ritmo de crescimento em França, segundo o índice PMI de março, a ultrapassar o da Alemanha.
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