Nunca as empresas tiveram à sua disposição tanta e tão rica informação como agora. De facto, a produção de conteúdos conheceu um boom sem precedentes e a informação disponível na net duplica a cada dois anos. Recolher todos estes dados, tratá-los e deles extrair informação fidedigna e relevante para o processo de tomada de decisão, é tarefa complicada para a qual empresas e indivíduos contam cada vez mais com sistemas inteligentes programados pelo homem.

Nem todos os programas dão, porém, origem à chamada inteligência artificial (IA). De facto, existe diferença entre um programa de computador sofisticado e a IA. Esta, com efeito, envolve o uso de um computador com um sistema associado; mas é necessário que demonstre capacidade de adaptação a novas situações para as quais não foi especificamente programado, procurando uma resposta próxima.

Se a reposta for muito afastada, então algo está a correr mal e temos uma “fraca” IA, o que é péssimo para as empresas, nomeadamente se o sistema é utilizado em interface com os clientes, o que é cada vez mais frequente, nas empresas de serviços, por exemplo. Mas uma fraca IA é diferente de uma IA fraca…

Vejamos então a diferença. Quando exposto a uma questão/problema, mesmo que o programa ofereça uma das várias respostas em stock com que foi previamente alimentado, temos aquilo a que os cientistas convencionaram chamar de “IA fraca” ou “estreita”: ou seja, o sistema procura na sua base de dados a resposta mais próxima da que seria dada por um humano, de acordo com o protocolo padrão com que foi infundido, não manifestando “inteligência própria”. Ou seja, é uma inteligência que de “fraca” até tem muito menos do que a anterior…!

No entanto, no aperfeiçoamento deste tipo de protocolo, o programador pode avaliar a resposta dada pela máquina, verificar se foi a mais adequada, e melhorar o procedimento, atualizando a base de respostas, até a solução proposta se tornar a mais parecida possível com a resposta que um humano daria, “de modo que o fraco se torne forte”.

Ainda assim, a máquina não conseguirá entender e responder a uma questão que seja formulada de forma diferente da que foi antecipada no seu software. E é por isso que há quem insista em chamar-lhe fraca, reservando o termo forte para um cenário, para alguns, existente apenas em ficção.

A IA forte diz então respeito a um tipo de inteligência que desempenha uma variedade de funções, podendo aprender consigo mesma a resolver novos problemas, tal qual os humanos fariam, desenvolvendo até uma forma de consciência e capacidade de tomada de decisões, exibindo igualmente traços emocionais e de autoconsciência. A IA forte tem capacidade de resolver problemas diferentes daqueles para que foi criada, aprender e até planear.

Assim, enquanto que a IA fraca trabalha essencialmente com business intelligence, classifica dados, opera num contexto pré-definido de funções para que foi programada para resolver ou completar, e não tem autoconsciência, a forte é, para a maioria dos investigadores, hipotética apenas, mas – quando concretizável – será capaz de fazer associações, terá competências cognitivas e desenvolverá uma mente em si mesma, capaz de resolver qualquer tipo de tarefa e com autoconsciência das suas capacidades, e dificuldades até.

Mais, terá capacidade de aprender com as suas próprias experiências, através de machine learning e igualará aquilo que se considera o limiar da inteligência: a humana. Se um dia a ultrapassar – o que não parece displicente considerar! – teremos uma forma de superinteligência que, para já, só conhecemos em filmes.

Mas, a questão que se coloca é: se a IA com que nos deparamos atualmente é já capaz de confundir o seu interlocutor (e, portanto, passar o Teste de Turing!), o que esperar quando for verdadeiramente forte? E será o Teste de Turing efetivamente o mais indicado para medir a inteligência de uma máquina? Sendo esta difícil de medir nos humanos, porque haverá de ser mais facilmente medida em máquinas? Não deverá a IA ser reconhecida exatamente por aquilo que é: uma inteligência expressa em formas diferentes daquelas que estão normalmente associadas a um ser humano…?