As Instituições Bancárias desempenham um papel fundamental no desenvolvimento do Financiamento Sustentável, sendo este definido como o financiamento que, para além de considerar os riscos financeiros, integra também os riscos não financeiros relacionados com os critérios ESG – Environmental, Social, Governance.

Nos tempos atuais, a avaliação de risco tradicional das empresas e dos projetos de investimento, a qual se baseia em critérios como a rentabilidade, a liquidez e a solidez financeira, é necessária, mas já não é suficiente. Os riscos não financeiros, como o risco de transição energética, o risco físico (cheias, incêndios, sismos, etc.), as condições de trabalho e as práticas de governance, têm de ser integrados nas decisões de investimento e de financiamento, criando um impacto positivo na Sociedade.

Compreendendo a importância e a urgência deste desafio, afigurou-se crítico para a Caixa Geral de Depósitos a definição e implementação de um novo índice, designado Rating ESG, concretizando, no dia a dia, a integração dos critérios ESG nos processos de tomada de decisão. O Rating ESG permite avaliar e hierarquizar as empresas em termos de sustentabilidade, podendo contribuir também para a redução do pricing do crédito, sempre com o objetivo de apoiar as empresas no processo de transição para uma economia mais verde, circular e inclusiva.

O Modelo de Rating ESG foi construído a partir dos dados mais recentes disponíveis nas plataformas e bases de dados nacionais e internacionais. O desenvolvimento e a implementação de um Modelo de Rating ESG deve, evidentemente, cumprir as recomendações das entidades reguladoras e supervisoras internacionais, nesta fase em constante evolução.

O Rating ESG da Caixa assume-se como disruptivo e inovador no mercado nacional, atendendo a que, de uma forma objetiva e holística, permite classificar, automaticamente, cerca de 300 mil empresas e cerca de 20 mil milhões de créditos bancários. A Caixa constitui o primeiro banco português a ter toda a carteira de crédito de empresas, de todos os setores, classificada em termos de sustentabilidade.

O passo seguinte foi encontrar a forma de combinar o rating financeiro e o Rating ESG. A Caixa agarrou a oportunidade e foi ainda mais longe. Era necessário sermos consequentes, de modo a que o Rating ESG fosse útil e tivesse uma aplicação prática, simples e intuitiva. Para isso, foi construída uma matriz que no eixo das abcissas apresenta o rating financeiro, dividido entre investment grade e non-investment grade e, no eixo das ordenadas, apresenta o rating ESG, dividido entre Forte, Bom, Satisfatório e Fraco. Daqui resultam quatro possíveis estratégias de financiamento sustentável: Potenciar, Captar, Ponderar ou Desinvestir.

Qual a informação que podemos extrair desta matriz? Esta matriz é muito importante porque permite identificar os clientes que a Caixa quer desenvolver e os clientes em risco. A Caixa tem assim a possibilidade de, neste período de transição, em que a própria regulamentação se está a adaptar, dialogar com os seus clientes e transmitir porque é que classifica as empresas com determinado rating de sustentabilidade e como é que as empresas podem passar para uma melhor classificação.

Tal como no rating investment grade e non-investment grade, as empresas sabem o que têm de fazer para melhorar a sua avaliação financeira (não tem mistério nenhum!), também no Rating ESG, a Caixa passa a conseguir apoiar as empresas e identificar o que podem fazer para melhorar a sua avaliação não financeira, ou seja, da sua avaliação dos critérios ESG.

Esta ideia é de facto fundamental! É desta forma que a Caixa consegue criar valor e gerar um impacto positivo na Sociedade. Trata-se de premiar as empresas que conseguem juntar as duas avaliações positivas (a financeira e a não financeira). Consideramos, assim, que este é, efetivamente, um avanço relevante no relacionamento não só com os nossos clientes, mas com os nossos stakeholders, num planeta com tempo limitado para agir, tendo presente as metas do Acordo de Paris e do European Green Deal.