A Argentina é a segunda maior economia da América do Sul, rica em recursos naturais, com indústria diversificada e agricultura pujante – é o terceiro maior exportador mundial de soja. A população tem níveis de educação elevados, a sociedade é sofisticada e culturalmente desenvolvida. Há infraestrutura acima da média.
Mas, do ponto de vista financeiro, a Argentina é um desastre de hiperinflação, em grande parte explicada pela implosão da moeda e pelo descrédito total da classe política, o que resulta no empobrecimento do país e das pessoas. É um país completamente incongruente.
Em Buenos Aires há bons edifícios, muitos transportes e infraestruturas, mas que carecem de renovação, manutenção e limpeza. É normal fazerem-se pagamentos com maços de notas de 1000 pesos – valem 1,20 euros cada uma ao câmbio paralelo – tal é a desvalorização do dinheiro.
Há filas nos locais de levantamento de notas, que frequentemente acabam ao início da tarde. Há incontáveis cambistas ilegais nas ruas. Os preços dos serviços e bens produzidos localmente são muito baixos para os estrangeiros, o que tem provocado uma invasão de turistas, muitos deles brasileiros, cujo poder de compra deixa os portenhos muito desconfortáveis.
Em resumo, a grande maioria dos argentinos vive muito pior do que poderia e a causa é evidente: mau governo económico e financeiro do país, décadas de governação populista com falta de coragem política que resultaram em profunda descredibilização internacional.
Convém sempre ter presente que sem uma moeda credível não há economia e sociedade que resistam.