A maioria absoluta “surgiu no tempo errado”, diz Marques Mendes

O comentador político sublinha a falta de “energia” do Governo, já que o primeiro-ministro tinha planos de seguir para Bruxelas em 2023, mas as eleições antecipadas deixaram esfumar-se esse “calendário” de António Costa.

A maioria absoluta alcançada pelo Partido Socialista nas últimas eleições legislativas chegou num mau momento e esta é uma das razões para a situação em que se encontra o Governo de António Costa, de acordo com Marques Mendes.

“Esta maioria, podendo ser boa e positiva, surgiu no tempo errado”, sublinhou o comentador político no seu espaço de análise na “SIC”, este domingo. Isto porque, no atual contexto, falta “energia” ao executivo e isto nota-se no próprio primeiro-ministro, que está a “pagar o preço” desta situação. “António Costa é o mesmo como pessoa (…), mas do ponto de vista da motivação ele não é o mesmo”, disse Marques Mendes.

O próprio comentador referiu que, se o mesmo resultado tivesse saído das eleições de 2019, “as coisas podiam ser diferentes” neste âmbito. Isto porque antes das eleições antecipadas o chefe de Governo tinha planos para deixar “a liderança do Governo” e concorrer ao cargo presidente do Conselho Europeu, em Bruxelas. Com a crise política e a maioria absoluta, “este calendário foi a vida e a ambição esfumou-se”, reiterou.

Neste contexto, para Marques Mendes ficou claro que deixou António Costa se apresentou na entrevista recentemente concedida à “RTP” sem uma “mensagem de esperança, uma ideia mobilizadora”. Diz, porém, que na mesma entrevista o primeiro-ministro reconhece “falha e erros” e que mostrou uma maior “humildade”. Algo que terá resultado, em parte, da queda do PS nas intenções de voto, visível nos resultados das últimas sondagens.

O comentador disse ainda que seria “um erro enorme” dissolver o Parlamento e forçar eleições antecipadas. A legislatura “deve chegar ao fim”, reforçou.

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