Aproximam-se o fim das férias, este ano atípicas para grande parte da população mundial, e regressam as preocupações. Até ao final do ano teremos inúmeros factores que irão influenciar a forma como regressaremos aos nossos hábitos, sociais, laborais ou financeiros. O início do que parece ser uma segunda vaga da pandemia irá colocar à prova a já ‘esticada’ política monetária e a forma como os políticos reagirão.

Um novo encerramento da economia irá destruir definitivamente alguns sectores de serviços que têm suportado a economia. Por outro lado, para evitar esse confinamento, o sector da Saúde tem de estar mais bem preparado para lidar com o aumento exponencial das afluências aos hospitais que se perspectivam até final do ano. As vacinas entretanto anunciadas, e as que estão em fase de teste, serão uma parte da solução, mas nunca os nossos hábitos voltarão a ser os mesmos. Em primeiro lugar porque esta pandemia alertou a sociedade para a segurança sanitária, e em segundo porque foi dado o impulso que faltava à aplicação das tecnologias no nosso dia-a-dia, seja nas deslocações e videoconferências de trabalho, seja nas consultas de saúde e compras online.

Os mercados financeiros reflectiram isso mesmo e o índice tecnológico NASDAQ encontra-se em máximos históricos. A preponderância da tecnologia nas nossas vidas está reflectida na composição destes índices. Só no SP500 as cinco maiores empresas tecnológicas representam já 25% do total do índice, refletindo a voracidade com que irão dominar a economia. Aqui, os EUA destacam-se e percebe-se o verdadeiro propósito da guerra comercial com a China – quem irá dominar o mundo.

A Europa, com tanta estratégia e burocracia, não vai a lado nenhum nem tem capacidade para criar um gigante de qualquer tipo que concorra mundialmente, tal é a preocupação com a concorrência interna. Assim, nos próximos anos, os europeus irão assistir a uma transição de poder secular, sem entendermos ainda as consequências para o nosso modo de vida.

Apesar do pessimismo, os mercados continuam e deverão continuar a subir, reflectindo o que as estatísticas dizem faltar – a inflação. De facto, a resposta à crise, a impressão de biliões de euros e triliões de dólares, traduzir-se-á na maior desvalorização do dinheiro de sempre. Activos como ouro, prata, acções, continuarão a ser procurados e serão a única forma de evitar a perda de poder de compra com que seremos premiados pelos governos, tendo em conta a redução do rendimento disponível, quer pela subida de impostos, quer pelo aumento de preços.

Até ao fim do ano teremos uma verdadeira montanha-russa de eventos e anúncios que irão colocar à prova os nervos dos investidores. Desde múltiplas vacinas às negociações comerciais entre EUA e China, passando pelas eleições americanas, que nos vão brindar com o maior espectáculo de teatro de sempre. Só temos de apertar o cinto de segurança!

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.