A vida da pessoa comum (diferente de algumas profissões muito castigadas nestes dois últimos anos) e as suas rotinas habituais sofreram alterações diversas desde o início desta pandemia… para alguns traumatizantes e para outros uma mera adaptação à realidade. Não estou a considerar os casos drásticos de morte e suas consequências.

A vida das empresas em geral também passou por diversas mudanças, nuns casos com consequências mais gravosas, seja pelo setor de atividade ou por dificuldade em reagir, e noutros foi uma oportunidade para melhorar a eficiência, a relação com os clientes e parceiros, a proximidade de acionistas e gestores com todas as pessoas que colaboram com a organização.

Observei vários comportamentos inteligentes de empresas, que logo desde 2020 procuraram criar relações mais afetivas com os stakeholders, considerando, e bem, que nos momentos de adversidade as carências tendem a que as pessoas se aproximem e sejam mais solidárias entre si e esse fator seja muito valorizado.

Vi uma evolução muito dinâmica nas áreas de vendas, uma comunicação eficaz com os consumidores ou com os clientes, e para com o público interno uma genuína maior vontade em suportar os profissionais no seu equilíbrio psicológico (no âmbito empresarial, pessoal e familiar).

Focando-me nas empresas portuguesas de maior dimensão e grande parte com implantação em diversos mercados internacionais, percebi ainda que havia claramente uma relação direta entre aquilo que as empresas já demostravam ser antes da pandemia, e a forma como definiram e estruturaram a sua estratégia de atuação face à nova situação.

Assim, os grupos económicos que já não tinham medo da mudança (por boas ou menos boas razões, o que interessa isso…) e a encaravam como uma oportunidade ou desafio, que entenderam a transformação digital como um facto consumado, a inovação como uma forma de estar permanente, a adequação aos mercados e consumidores com novos modelos de negócio, o employer branding e fidelização de colaboradores como a única maneira de ter consigo os melhores e, por último, que interpretaram bem as suas prioridades e valores e as traduziram num planeamento estratégico sólido, são, sem dúvida, as empresas que  hoje se encontram melhor posicionadas para manter um rumo estável e crescente em termos de sucesso.

Nos últimos anos quem se preparou bem vai sair na dianteira, mas quem ainda está um passo atrás, pode, com grande coragem e sagacidade recuperar, promovendo robustos programas de change management apoiando-se nas suas equipas internas, em consultores em áreas que necessitam de forte expertise técnico específico e em conselheiros que ajudam a estruturar, integrar e priorizar todas as valências necessárias à transformação.

A verdadeira lição que retiramos destes momentos difíceis está no facto evidente de se estar a tornar um hábito em Portugal, serem os grupos tradicionalmente bem geridos (…antes da pandemia), a manter o tecido empresarial vivo, empregando e desenvolvendo os bons profissionais e impulsionando a economia. Há que fazer jus aos seus contributos e que sirvam de benchmark para os outros!