O mercado interno está em convalescença. A crise europeia afeta os nossos mercados de importação tradicionais. Espanha está em crise. França está em crise. Até o crescimento alemão é anémico. Um conselho para as PME que não que queiram enredar pela crise: encontrem novos mercados!
Aqui entra o Portugal 2020 e, mais especificamente, o projeto conjunto da ANPME, o Portugal Export 2020. A Associação Nacional das PME procurou encontrar, para as empresas que a ela se associassem, mercados não tradicionais e com potencial de crescimento. Os fundos que o Portugal 2020 disponibiliza são uma excelente oportunidade para as empresas contornarem a crise. Com metade do investimento (até 100 000 euros) garantido a fundo perdido, estas poderão, finalmente, internacionalizar-se.
É, contudo, necessário que a empresa em questão aumente consideravelmente as suas exportações, de forma a garantir que esse investimento é reembolsado. Por isso mesmo, a ANPME, no seu projeto conjunto, procura segmentar ao máximo os setores, de forma a conseguir o máximo de sucesso nas empresas que a ele se associarem. Os nossos parceiros identificaram a Turquia como país com potencial de crescimento para as empresas portuguesas do setor das tecnologias de informação e comunicação; Kuwait e Moçambique como destino de excelência para as construtoras; e Colômbia e Rússia como mercados para exportação de calçado português.
No Kuwait, a identificação do país como destino para a construção não é inocente. Há um rol de projetos a serem planeados e as PME portuguesas com capacidade e ambição de crescimento podem apanhar o comboio. De acordo com Câmara de Comércio e Indústria Árabe-Portuguesa, há um “forte pipeline de projetos de construção em setores como o imobiliário, infraestruturas, energia, água, petróleo e gás. Esta é uma oportunidade considerável para empresas de construção estrangeiras constituírem a sua presença no país”. Estes projetos estão orçamentados em perto de 159 mil milhões de euros. Moçambique também é um mercado com futuro. Há um forte potencial de investimento na área da habitação, estimando-se um défice de 2,5 milhões de fogos e respetivas infraestruturas de água, saneamento, energia e acessibilidade.
No setor tecnológico, Moçambique, tal como a Turquia, também está em franco crescimento. No país africano, o governo vem preparando legislação que visa fornecer incentivos fiscais às empresas deste setor que queiram investir no país. Já a Turquia está num processo de modernização, procurando empresas que os auxiliem a dar o salto tecnológico.
Nunca é demais reafirmar que o Portugal Export 2020 e os apoios que disponibiliza são uma oportunidade de ouro. Comecei este artigo sublinhando a importância da diversificação de mercados para as PME que queiram ser bem-sucedidas. Ao terminar, quero insistir de novo neste ponto. É preciso deixar de olhar apenas para o mercado de 10 milhões de consumidores e olhar para outro de potenciais 7 mil milhões. O futuro está aí!
Nuno Carvalhinha
Presidente da Associação Nacional das PME