1. Em sentido contrário ao politicamente correto, tenho escrito, sempre que a oportunidade se me depara, sobre o facto do principal perigo da democracia portuguesa residir nos dois partidos de extrema esquerda, PCP e BE, que gostariam de ver Portugal fora da União Europeia, do Euro e da Nato, o que seria uma verdadeira tragédia, política, económica e social.

Apenas a normalização destas duas organizações, que o PCP promove com simpatia e o BE com uma arrogância intelectual evidente, impede a análise substantiva ao programa dos dois partidos e às consequências que a sua aplicação traria para o país.

2. António Costa e o PS tiveram a necessidade de rebocar e acelerar a normalização de  ambas as organizações (coisa que recusam agora ao Chega, por motivos táticos). Nesse momento, há seis anos, poucas vozes internas se levantaram no PS contra a aliança que promoveu um governo europeísta suportado por partidários de um novo “orgulhosamente sós” no contexto europeu. Francisco Assis e Sérgio Sousa Pinto foram as únicas duas vozes que tiveram coragem de o fazer internamente.

Apesar de tudo, também o devo reconhecer, António Costa e o PS souberam, depois, com habilidade, fazer coexistir as suas necessidades de poder com a defesa da matriz europeia dos socialistas portugueses. O legado de Mário Soares nunca foi colocado em causa e Portugal não faltou aos seus compromissos internacionais que, acredito – apesar de nunca ter havido um referendo nesta matéria –, será maioritariamente a escolha dos portugueses.

3. A guerra que a Rússia declarou à Ucrânia, sem motivo, e por desejo de um presidente, Vladimir Putin, perigoso para a Paz no mundo, é algo de vil e um evidente atropelo às mais elementares normas de convivência internacional.

Recordemos que Putin solidificou a sua força interna com a manipulação dos mecanismos da Democracia. Primeiro foi rodando com o fantoche Medvedev. Depois arranjou forma de alterar a Constituição. Pode estar na presidência da Federação até pelo menos 2036 – e é já claro que tem como projeto de vida reerguer, na órbita da Rússia, o antigo império soviético, agora despido de ideologia. O exemplo é a Bielorrússia, um Estado amestrado que serve de ‘benchmarking’ para aquilo que quer fazer da Ucrânia.

4. É este o pano de fundo para a revelação em curso.

O PCP, através de uma posição mais declarada, e o BE, de forma envergonhada, remetem-nos, no cenário de uma guerra-invasão já em curso, para a natureza dos comunistas portugueses. Eles, que nunca reconheceram os crimes de Estaline, e que não acompanham a equiparação do Comunismo ao Fascismo feito pela União Europeia, não desistiram das suas crenças e do seu mundo ‘perfeito’. Estão no século XXI como sempre estiveram no século XX. Defendem ditaduras. Elogiam a Coreia do Norte, Cuba, Venezuela, como defenderam Khadafi ou Saddam Hussein.

Tal como na crise que em 25 de novembro de 1975 ia acabando com o 25 de Abril de 1974 e transformou Otelo de herói em criminoso condenado, eles não renunciaram. Apenas se permitiram um intervalo para poderem sobreviver e, nas últimas décadas, enganar uma geração de portugueses que não viram, não sabem, não leram, não imaginam.

Que esta revelação tenha alguma utilidade.