Foi em maio deste ano que a OMS sinalizou o potencial aumento de distúrbios e suicídios fruto do impacto causado pela pandemia de Covid-19. A saúde mental pode ser analisada em duas vertentes principais: em perturbações mentais comuns, como a depressão, e as doenças mentais graves. Segundo a DGS, a primeira tem uma prevalência anual de 22,9%, a segunda cerca de 4%.

É ainda mais relevante quando se entende que as perturbações mentais comuns são as principais causas de baixas e reformas antecipadas, impactando diretamente a produtividade e aumentando os custos sociais inerentes.

Já no “Relatório 2017 do Programa Nacional para a Saúde Mental” constata-se que “apesar da mortalidade ser baixa, uma maior atenção tem sido dada à área da Saúde Mental quando considerado o número de dias vividos com incapacidade (DALY), ou seja, as pessoas que estão a viver mais anos, mas com incapacidade, o que impõe uma sobrecarga para a sociedade.”.

Pelo que acima se constata, é urgente uma resposta às reais causas de uma condição que atravessa uma grande percentagem da população com consequências alargadas para a nossa sociedade.

A saúde mental é, principalmente, fruto de fatores biológicos, psicológicos e sociais, sendo estes últimos a principal causa de ser uma condição que atravessa uma população, independentemente do nível de desenvolvimento.

Assim sendo, na perspetiva social, esta doença é influenciada por:

  1. Emprego: fatores como a estabilidade laboral e satisfação;
  2. Educação: é a condição que mais prevalece nos meios com um nível educacional mais baixo;
  3. Pobreza: a falta de meios é um dos fatores de risco.

Todos estes fatores são amplamente conhecidos há anos. No entanto, só agora, quando deparados com uma crise de enormes proporções, é que somos confrontados com as consequências de políticas ineficazes ou inexistentes neste campo. Muito recentemente começaram a surgir notícias de rutura de medicamentos ligados à saúde mental, entre eles um dos fármacos mais tomado pelos Portugueses – Victan.

Além disso, foi veiculado pela comunicação social o decréscimo generalizado das idas às urgências psiquiátricas durante o estado de emergência e que a população em situação de desemprego está entre a mais vulnerável.

Atendendo ao decréscimo brutal da atividade económica e o calculável degradar do nível de desemprego pelo fim anunciado das medidas de lay-off, caminhamos previsivelmente para uma catástrofe de proporções nunca sentidas em termos de saúde mental.

Para complicar mais a situação, continuamos a apostar no Sistema Nacional de Saúde (SNS) através de medidas que, embora mitiguem efeitos de curto prazo, como por exemplo a articulação com os cuidados primários, não resolvem a causa real do problema e colocam ainda mais pressão sobre um SNS já esticado para além da sua capacidade.

No que respeita à realidade local, como por exemplo o concelho de Cascais tem um índice de desigualdade superior à média nacional (coeficiente de Gini do rendimento bruto declarado deduzido do IRS liquidado de Cascais 34,1% versus média nacional 30,7%), um sistema de transportes que contribui para longos trajetos que prejudicam a população mais desprotegida, que normalmente está concentradas nas freguesias limítrofes de Cascais e Estoril, um custo de habitação dos mais elevados do país, um tecido económico que pouco ou nada mudou nos últimos quatro anos, onde predomina o comércio.

Tudo isto diretamente contribui para o degradar da saúde mental de todos nós e em especial dos mais desfavorecidos do concelho.

O apostar na economia local, diversificando as oportunidades de emprego, na liberdade das pessoas escolherem a educação e a saúde que querem e na devolução de rendimentos através de taxas de imposto mais reduzidas, mais do que medidas económicas, são medidas de prevenção em prol de uma melhor saúde de nós todos.

Existem outras e melhores soluções. Soluções Liberais.