O Governo está a preparar uma solução para apoiar as empresas que tiverem dificuldades em voltar a pagar os créditos, após o fim das moratórias. Tal como o ministro da Economia revela na entrevista que pode ler nesta edição do Jornal Económico, essa “solução sistémica” poderá passar pela conversão de dívida bancária em capital, ficando este nas mãos de fundos especializados, sejam eles públicos ou privados, como admite Pedro Siza Vieira na entrevista.

Uma vez que não se conhecem ainda os contornos desta medida, será prematuro tirar conclusões sobre a sua eficácia. No entanto, os seus objetivos são claros: além de procurar robustecer os balanços das empresas e ajudá-las a aproveitar a retoma, trata-se de garantir a solidez do sector bancário, por via da redução da sua exposição a dezenas de milhar de empresas afetadas pela pandemia e em risco de incumprimento.

Ainda que esta medida tenha custos para o Estado e para os bancos, será à partida menos gravosa do que o cenário alternativo, que poderia ser a recapitalização de vários bancos, à semelhança do que foi feito durante a intervenção da troika. Nessa altura, uma parte (12 mil milhões) do empréstimo internacional serviu para criar uma linha de recapitalização da banca.

O diabo está nos detalhes, porém. Resta saber se esta medida estará de facto ao alcance da maioria das empresas afetadas pela pandemia e em risco de incumprimento. Além disso, importa clarificar se os fundos em questão serão públicos ou privados e quais os poderes que terão nas empresas que eventualmente os passem a ter como acionistas.

Esta coluna regressa em janeiro. A todos os nossos leitores, um Feliz Natal e um 2021 com aquilo que mais faltou ao mundo no ano que está a terminar: saúde, prosperidade e convívio com amigos e entes queridos.