Numa primeira fase, a abordagem ao novo coronavírus incidiu, apenas e compreensivelmente, na tentativa de conter a progressão da epidemia e tratar os cidadãos. Rapidamente se percebeu que as medidas de restrição à circulação de pessoas terão forçosamente um impacto muito significativo em todas as economias. Para além da fortíssima interligação logística a nível global, os modelos de negócio têm vulnerabilidades financeiras evidentes porque se baseiam na otimização da tesouraria. Tudo correria bem, desde que não sucedessem choques que perturbassem esses fluxos. O pânico nos mercados financeiros veio exacerbar estes riscos.

Perante tempos excecionais, exigem-se estratégias inéditas de apoio à economia. Algumas já estão a ser anunciadas e mais virão certamente a caminho. No entanto, estas medidas apenas permitirão mitigar os efeitos de uma paralisação relativamente curta.

Por muito insensível que possa parecer, não é possível escolher entre a “vida ou a bolsa”. Se as questões de saúde pública são prioritárias por natureza, a História ensina-nos que sem economia as sociedades colapsam. É provável que no médio prazo surjam vacinas e tratamentos eficazes para a epidemia, mas se tal não acontecer num par de meses, a economia simplesmente não aguentará e será necessário tomar algumas decisões muito difíceis.

Entretanto, tentemos todos agir da melhor forma. São momentos em que todos se sentem emocionalmente vulneráveis, porque há a plena consciência de que estamos em risco e não só no que toca à economia ou ao nosso statu quo. Todos nos sentimos fisicamente ameaçados.