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Abaixo qualquer populismo e esvaziamento da nossa Democracia! 

Qualificar de vergonhoso o decorrente no passado dia 25 de Abril na Assembleia da República, protagonizado por um grupo parlamentar que não abona em nada a democracia, a postura estatal ou a dignidade parlamentar, é pouco.
8 Maio 2023, 07h15

Qualificar de vergonhoso o decorrente no passado dia 25 de Abril na Assembleia da República, protagonizado por um grupo parlamentar que não abona em nada a democracia, a postura estatal ou a dignidade parlamentar, é pouco. O que ali se verificou foi um atentado à própria Constituição da República Portuguesa que em si mesma consagra os princípios da Democracia – princípios, esses, que correspondem tão só aos Direitos Humanos. Não sendo caso único, lamentavelmente, (o mesmo ocorre na ala direita de outras assembleias legislativas regionais), à beira dos 50 anos da lei Fundamental do nosso país, ecoam, ainda, rumores de fascismo, de extrema direita e de uma falta de educação a decair para o temulento político naqueles protagonistas deslustres – que maculam a política, a democracia e a imagem do país (ou a região, conforme a geografia..).

A nossa democracia não está garantida, nem consolidada perante a ameaça – real – de se estarem a insurgir (e a ressurgir) crescentemente os seus inimigos. Sim, podemos perder tudo o que se conquistou – a Liberdade, o direito à educação e à saúde, à igualdade de género, à igualdade social, ao trabalho condigno e com direitos, ao acesso à justiça, à independência dos poderes político, económico e religioso … E já estarão alguns a contestar: mas onde pára, afinal, essas demandas de Abril consagradas constitucionalmente, quando ainda hoje nem todos somos iguais e o fosso da desigualdade é gritante; quando ainda hoje a justiça é discriminatória, penalizando os mais fracos e mais pobres; quando a nível laboral a precariedade e o assédio estão na ordem do dia; quando tantos, descarada e despudoradamente, cavalgam na política para seu proveito promovendo e alimentando a corrupção a cada galgar. Verdade! Mas antes de prosseguir, há que assinalar uma salvaguarda: Liberdade temo-la, conquistá-la, o Povo, mesmo que nem esta esteja assegurada.

Mas o que aconteceria se aos “puritanos –arruaceiros” dos nossos parlamentos (nacional e regional) se lhes fosse concedido mais poder? ( perante esta questão é atentar ao que se passa numa determinada região do nosso país onde um mesmo partido governa há 40 anos…). Recriariam um regime democrático? Não! Pelo contrário. Esvaziariam a Democracia! À semelhança do que nos adverte a História: censurariam, fechariam, comprariam a comunicação social (mais do que ao que já se assiste); calariam os intelectuais (e todos quantos os contestassem), condicionariam a expressão dos académicos, fechariam cursos ou mesmo universidades; limitariam o ensino e a saúde a quem a pudesse pagar – e aqui, que ninguém se iluda, continuariam a não poder pagá-las os mais carenciados ou ostracizados num tal regime, mas uma minoria (depois certamente tornada maioria pelo medo e coação) que servisse o regime usufruiria de todos os direitos e privilégios – porque entretanto, perpetuariam a corrupção que antes condenaram e já teriam enriquecido à conta de tal – sim, porque estes “puritanos” anti-corrupção enriqueceriam igualmente com o poder (aliás , é atentar sobre histórias de desvios de dinheiros públicos por parte de alguns dos elementos que pertencem a esta ala política, nomeadamente de IPSS…). Em suma, não há coerência na ideologia que propalam, são não mais do que flops armados em justiceiros e populistas, e sem sustentabilidade patriótica ou sequer de urbanidade.

Tão incoerentes que enxovalham um Lula (e o seu país e os imigrantes brasileiros em Portugal) por o acharem  “putinista”, mas vão aclamar um Salvini, em Comício)  que se assume como “putinista”.

Há quem defenda que se deve ignorar estes arruaceiros (comprovaram sê-lo no hemiciclo parlamentar) – defendo, pelo contrário, que silenciar não é estratégia de combate a esta altura; há que os denunciar e desmascarar antes que enxovalhem ainda mais o nosso país e manchem a nossa História democrática com a sua falta de responsabilidade política, falta de sentido democrático e de verdadeiro patriotismo.

É preciso lembrá-los que haverá sempre mais gente, mais Povo, a defender a Liberdade e a gritar  “25 de Abril, sempre”!!

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