Na semana passada demitiu-se da vice-presidência do Grupo Parlamentar do PSD e anunciou que não aceitaria qualquer cargo na direção do partido sob a nova liderança do PSD. No fim-de-semana, durante o 37º Congresso Nacional do PSD que marcou a passagem de testemunho entre Pedro Passos Coelho e Rui Rio, destacou-se como uma das vozes críticas mais audíveis. Esta semana continua a praticar o tiro ao alvo. Carlos Abreu Amorim não se conforma com a eleição de Rio para a presidência do PSD.
O tiro mais recente dirigiu-se a António Capucho, apanhando Rio por tabela. Ontem, na sua página na rede social Facebook, Abreu Amorim partilhou uma notícia com o seguinte título: “Capucho regressa ao PSD e saúda ‘matriz social-democrata’ de Rio”. Por cima da notícia, Abreu Amorim escreveu o seguinte comentário: “Pois claro, a questão era a ‘matriz’ – terá sido em nome da tal ‘matriz’ que se foi oferecer ao PS, pelos vistos, mesmo aí sem grande sucesso. Todos os atos desta espécie de ópera bufa estão a ser cumpridos na perfeição. Continuemos, atentos e divertidos…”
Antigo secretário-geral do PSD e autarca de Cascais, entre outros cargos e funções, António Capucho foi expulso do partido há cerca de quatro anos, por causa da sua candidatura à Assembleia Municipal de Sintra em 2013 (integrada no movimento independente liderado por Marco Almeida). Era militante do PSD há 40 anos e entretanto já anunciou que vai pedir a refiliação ao Conselho de Jurisdição Nacional, saudando o “regresso à matriz social-democrata” da liderança de Rio. Daí a crítica de Abreu Amorim, em tom sarcástico.
Mas Capucho “ofereceu-se” ao PS, como alega Abreu Amorim? Atendendo ao que é do conhecimento público, Capucho chegou a participar, em 2015, num evento do PS no Coliseu dos Recreios, durante o qual António Costa apresentou o programa eleitoral do PS para as eleições legislativas desse ano. Mais recentemente, em 2017, surgiram notícias de que Capucho terá sido sondado pelo PS para se candidatar à presidência das câmaras municipais de Cascais (onde exerceu três mandatos pelo PSD) e de Sintra. No entanto, acabou por não fazer parte de nenhuma candidatura nas eleições autárquicas do ano passado.
Outro alvo das críticas de Abreu Amorim foi Elina Fraga, ex-bastonária da Ordem dos Advogados que Rio convidou para assumir uma das vice-presidências da Comissão Política Nacional do PSD. No domingo, Abreu Amorim declarou que “é uma escolha que reflete, na perfeição, a consideração e o respeito que Rui Rio tem por tudo aquilo que o Governo de Passos Coelho lutou e conseguiu”.
E acrescentou: “De facto, há escolhas demasiado simbólicas – quando se alça a vice-presidente do PSD uma das figuras que mais se destacou pela guerrilha sem pudor e sem limites ao Governo PSD/CDS (até chegou a apresentar uma queixa-crime contra todos os membros desse Executivo por ‘atentado contra o Estado de Direito’), está-se a dar um sinal claro do que se quer e do que não se quer. Eu percebi-o bem. E muitos daqueles que deram mais do que aquilo que podiam para lutar ao lado de Passos Coelho na última legislatura também o terão entendido”.
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