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“Absurdo”, “ofensivo” e “disparate”: o que se disse do jantar no Panteão

O encerramento da Web Summit gerou polémica por ter tido lugar no Panteão Nacional. Apesar de a realização de eventos no local ser permitida por lei, recebeu críticas da esquerda à direita e também do próprio Presidente da República.
12 Novembro 2017, 18h20

Mais de 200 pessoas ligadas à organização da Web Summit jantaram esta sexta-feira no Panteão Nacional. A utilização do espaço é permitida no Regulamento de Utilização de Espaços nos serviços dependentes da Direção Geral do Património Cultural (DGPC), mas vários vídeos começaram a circular nas redes sociais e o evento gerou polémica.

O Governo atirou culpas para o Executivo anterior, que devolveu as acusações. Da esquerda, à direita houve críticas. Até Marcelo Rebelo de Sousa comentou o assunto e o CEO da Web Summit, Paddy Cosgrave, pediu desculpa pela ofensa causada. Veja aqui o que se disse sobre o jantar da polémica.

  • António Costa, primeiro-ministro:

“A utilização do Panteão Nacional para eventos festivos é absolutamente indigna do respeito devido à memória dos que aí honramos”, referiu o gabinete do primeiro-ministro, em comunicado. Acrescentou que a situação estava contemplada num “despacho proferido pelo anterior Governo” e informou que vai alterar o regime “para que situações semelhantes não voltem a repetir-se, violando a história, a memória coletiva e os símbolos nacionais”.

  • Partido Social-Democrata

“Julgo que estamos a redundar num terrível equívoco em relação à justificação canhestra que este Governo, e que o primeiro-ministro em particular, apresenta sobre esta situação”, disse o vice-presidente do grupo parlamentar do PSD, Sérgio Azevedo, em declarações à agência Lusa. “Não vale a pena tapar o sol com a peneira e dizer que isto é responsabilidade do Governo anterior. Não é verdade. É mentira. Responsabilidade do Governo anterior foi a regulamentação da utilização dos espaços culturais. Responsabilidade do senhor primeiro-ministro e do seu Governo foi a autorização concedida à organização do Web Summit para realizar um jantar no Panteão Nacional”.

  • CDS-PP:

“Isto é um padrão neste Governo que não assume responsabilidade por nenhuma das suas decisões”, disse Adolfo Mesquita Nunes, à Lusa. “Se o primeiro-ministro quer categorizar ou quer adjetivar a organização do jantar da forma que fez, essa é uma adjetivação que se aplica ao seu governo. (…) Não quero adjetivar a realização do jantar, mas a adjetivação que foi feita pelo primeiro-ministro então aplica-se à sua administração pública e à tutela da Cultura”.

  • Partido Comunista Português:

“É um facto lamentável e não deveria ter acontecido”, disse o deputado do PCP, António Filipe, à Lusa. “Foi um acontecimento infeliz. Aquilo que importa é que situações como esta não se repitam. Havendo necessidade de alterar regulamentos aplicáveis, esses regulamentos devem ser alterados e deve haver um critério de bom senso na utilização de monumentos nacionais para quaisquer tipos de atividades”.

  • Bloco de Esquerda:

“Porque é que um espaço como o Panteão Nacional pode ser aberto, de acordo com um despacho do anterior Governo, a eventos sociais, de natureza privada? A única razão é arrecadar receita. E isso diz tudo sobre o que é, neste momento, a gestão da política cultural – incluindo a de património – que o Estado faz”, disse o deputado do BE José Manuel Pureza, à Lusa, classificando o evento como “um absurdo, um disparate e uma coisa ignóbil”.

  • Marcelo Rebelo de Sousa, presidente da República:

“A imagem que eu tenho do Panteão Nacional não é a de ser o local adequado para um jantar nem que seja o jantar mais importante de Estado”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações às televisões. “Portanto, se o governo tomou uma decisão no sentido de isso deixar de ser possível acho que foi uma decisão muito sensata e óbvia, corresponde aqui que qualquer pessoa com algum bom senso faria”.

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