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Abusos sexuais na Igreja. “Utilizem o direito de denúncia”, apela Marcelo

O Presidente da República pede à vítimas de abuso que não tenham medo ou inibições.
5 Agosto 2022, 18h19

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, apelou às vítimas de abuso sexual de padres que denunciem à comissão independente que está a acompanhar a situação.

“Testemunhem, utilizem o direito de denúncia. Se querem testemunhar num quadro anonimo perante especialistas, que receberão na base da confiança o vosso testemunho, têm a comissão”, disse Marcelo aos jornalista, depois de se ter reunido com a comissão independente.

Para o Chefe de Estado tem sido obvia a “a importância do testemunho”. “De qualquer idade, em qualquer situação. O testemunho é anonimo e tem um valor fundamental como exemplo daquilo que deve ser o comportamento dos portugueses, que não devem ter medo, não devem ter inibição”, destacou.

Marcelo aproveitou a ocasião também para elogiar o trabalho que a comissão tem desempenhado. “A comissão, por um lado, desbloqueou em termos de mentalidades e por outro lado faz um trabalho que prepara a intervenção da justiça ao recolher testemunhos anónimos, ao criar confiança relativamente aqueles que testemunham. Analisa depois essa informação para o Ministério Público, isto é para as entidades de investigação judicial”, frisou.

O Presidente da República defende que sem a comissão independente “sido mais difícil haver pessoas que ultrapassarem os seus constrangimentos”.

Além disso, Marcelo referiu que “pedagogicamente a comissão também tem tido outro papel fundamental que é ajudar a igreja católica a fazer o seu percurso em termos de mentalidade” e destacou a atitude da própria igreja ao “perceber que uma instituição só ganha com a verdade”.

Esta semana, o Observador avançou que Manuel Clemente, o atual cardeal patriarca de Lisboa “teve conhecimento de uma denúncia de abusos sexuais de menores relativa a um sacerdote do Patriarcado e chegou mesmo a encontrar-se pessoalmente com a vítima, mas optou por não comunicar o caso às autoridades civis e por manter o padre no ativo com funções de capelania”.

O patriarcado justificou ao jornal que a vítima, que alega ter sofrido os abusos na década de 1990, não quis que o seu caso fosse público e queria apenas que os abusos não se repetissem.

Esta sexta-feira, Manuel Clemente foi recebido, a seu pedido, em audiência privada, pelo Papa. Em comunicado, a que a “Lusa” teve acesso, o Patriarcado de Lisboa diz que o encontro “realizou-se num clima de comunhão fraterna e num diálogo transparente sobre os acontecimentos das últimas semanas que marcaram a vida da Igreja em Portugal”

Até ao momento a comissão independente já recebeu mais de 300 denúncias para o Estudo dos Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica Portuguesa.

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