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Acabou a lua-de-mel entre os americanos e Portugal: casas estão muito caras

A vinda de cidadãos dos EUA para virem viver para Portugal está a desacelerar. Outros mudam-se para outros países europeus. Uma das razões é o aumento dos preços da habitação, escreve a “Bloomberg”.
8 Junho 2023, 17h49

É o fim da lua-de-mel entre os norte-americanos e Portugal, à medida que a realidade atinge os sonhos de muitos mudarem-se para um país com preços mais baixos, com longos verões, e relativamente perto de qualquer principal capital europeia.

As barreiras linguísticas, a burocracia, e o aumento dos custos de habitação, que dispararam à boleia do investimento estrangeiro, estão a levar os cidadãos dos EUA a cancelar a sua ideia de vir viver para Portugal ou a optarem por outros países europeus, segundo a “Bloomberg”. Isto apesar de o dólar permanecer forte face ao euro,
longe dos tempos em que o euro valia mais que o dólar, e depois de terem atingido a paridade em 2022 pela primeira vez em 20 anos.

A agência noticiosa cita dados que são bastante conhecidos em Portugal: o preço das casas disparou 19% em 2022, a maior subida anual desde 1991; as rendas dispararam 43% para uma média de quase 1.700 euros, citando a plataforma Idealista.

“O aumento do custo de vida é parte do que está a travar os estrangeiros, muitos dos quais não conseguem pagar os imóveis no seu país-natal e estão à procura de opções mais baratas à medida que encaminham-se para a reforma ou dependem de trabalhos com baixos salários”, escreve a “Bloomberg”, destacando que os preços das casas têm disparado à medida que mais estrangeiros chegam ao país. O número de estrangeiros no país atingiu um máximo de quase 700 mil, enquanto o número de americanos triplicou para 9.800 entre 2018 e 2022.

“As pessoas querem acesso a bons serviços e a sistemas fiscais e de visto simples”, disse um perito fiscal internacional Derren Hayden Joseph, que aponta que Espanha e França são agora os países mais procurados pelos cidadãos dos EUA.

Outra das razões é a retirada do programa vistos gold, conforme os dados da consultora “Get Golden Visa” que registou uma queda de 37% na procura de cidadãos dos EUA por Portugal no primeiro trimestre face a período homólogo, e uma descida de 18% a nível global entre todos os estrangeiros.

Em 2022, os norte-americanos foram quem recebeu mais vistos gold, um total de 216 superando os chineses. A notícia destaca que o programa de nómadas digitais já atraiu 930 pessoas em seis meses, com os cidadãos dos EUA a liderarem a lista.

A burocracia é outra das razões para o desamor crescente entre os EUA e Portugal.

Uma cidadã norte-americana que mudou-se para Portugal deixou o país ao fim de três meses. Carrie Lane, já reformada, alugou uma casa em Penela, mas já regressou a Duluth. Assinou contrato por um ano, mas a casa nunca ficou disponível, tendo sido obrigada a procurar casa e não gosto do acompanhamento médico que teve a uma doença crónica nos olhos.

Já Meredith Graham, 53 anos da Califórnia, alugou um T-3 em Lisboa por dois mil euros mensais. O seu pedido para incentivos fiscais foi rejeitado duas vezes. E queixa-se que Portugal tem invernos muito frios.

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