As empresas são fundamentais para a economia portuguesa criando 4/5 do emprego e realizando cerca de 90% do investimento. Fomentar o empreendedorismo tem vindo a tornar-se cada vez mais um desígnio nacional mas, para além da dimensão “festivaleira” e até “romântica”, convém criar as condições para que, tal como na visão de Joseph Schumpeter, ideias e inovações de sucesso possam ser motores efetivos da nossa economia. Como criar em Portugal um ecossistema empreendedor, inovador e competitivo, gerador de riqueza e de postos e trabalho?

1º passo – Diagnóstico: Mapear todos os elementos do nosso ecossistema empreendedor (unidades de transferência de tecnologia, centros tecnológicos, incubadoras, aceleradoras, espaços de inovação, parques de ciência e tecnologia, etc.) surge como o primeiro passo para que se possa dar a conhecer, apoiar e identificar como se relacionam os diferentes nós desta rede.

2º passo – Observatório: Após o diagnóstico poderia ser criado um observatório à escala nacional. Há já iniciativas regionais em marcha, mas importaria ir, ao longo do tempo, monitorizando e sistematizando informação relevante. Quais os perfis dos empreendedores e das empresas que estão a ser criadas? São verdadeiramente inovadoras? São exportadoras? Qual é a taxa de sobrevivência? Quantos postos de trabalho geram? Os incentivos públicos funcionam, nomeadamente cumprindo com os prazos previstos nos vários programas do Portugal2020? Esta última pergunta não é de somenos num país onde muitas vezes um projeto empresarial de elevado potencial tem de esperar um a dois anos para ser apoiado.

3º passo – Plano: Finalmente, deveria ser elaborado um plano detalhado e calendarizado – enquadrado na estratégia “StartUp Portugal” – para acelerar o empreendedorismo inovador. Muitas vezes o “software” (ex. modelos de incubação e aceleração) e o “brainware” (pessoal técnico e gestores) do empreendedorismo são negligenciados em detrimento do “hardware” (ex. construção de incubadoras). Algumas medidas interessantes teriam de contemplar a formação de pessoal qualificado (ex. juristas, marketeers, ou gestores de projetos), bem como as verbas para a sua contratação, a introdução de disciplinas de empreendedorismo em diferentes níveis e modalidades de ensino, ou até mesmo adotar um ambicioso pacto fiscal (com amplo consenso no Parlamento) para as startups do nosso ecossistema empreendedor.

Não é por “decreto” que se criam empreendedores, mas o Estado pode e deve proporcionar melhores condições para fomentar o empreendedorismo inovador, nomeadamente ao nível da previsibilidade dos seus mecanismos.