[weglot_switcher]

Acidentes rodoviários representaram 3,03% do PIB nacional em 2019

Apesar disso, o presidente da ANSR, Rui Ribeiro, destaca que “assistimos, nas últimas décadas, a uma redução importante da sinistralidade rodoviária, em Portugal, e isso deve ser assinalado. É notável que em 25 anos tenhamos passado de custos económicos e sociais que representavam 7% do PIB para um valor que se situa em torno de 3%, a preços de 2019 e que tenhamos reduzido em mais de 70% o número de vítimas mortais no mesmo período”.
16 Março 2022, 17h11

Os acidentes de viação ocorridos em Portugal em 2019 resultaram num custo económico e social de cerca de 6.422,9 milhões de euros, traduzindo-se num valor equiparado a 3,03% da riqueza gerada no país nesse ano (PIB), avançou a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), citando um estudo sobre “O Impacto Económico e Social da Sinistralidade Rodoviária em Portugal”, desenvolvido pelo Centro de Estudos de Gestão do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG).

Os tipos de acidente com maior custo são os acidentes em que se registam vítimas, cerca de 83,5% do custo total, traduzindo-se em 5.362,7 milhões de euros (2,53% do PIB). Os restantes 1.060,1 milhões de euros (0,5% do PIB) dizem respeito a acidentes sem vítimas que geraram apenas danos patrimoniais.

Voltando aos acidentes dos quais resultaram vítimas, 64,7% do custo destes acidentes refere-se aos custos humanos, estimados em 3.471,1 milhões de euros, ou seja, 1,635% do PIB. Segue-se a perda bruta de produção, que representa 26,8% do total e está estimada em 1.438 milhões de euros (0,677% do PIB) em 2019. Os custos humanos e a perda bruta de produção traduzem-se em 91,5% do custo total dos acidentes rodoviários no país nesse ano.

Apesar disso, o presidente da ANSR, Rui Ribeiro, destaca que “assistimos, nas últimas décadas, a uma redução importante da sinistralidade rodoviária, em Portugal, e isso deve ser assinalado. É notável que em 25 anos tenhamos passado de custos económicos e sociais que representavam 7% do PIB para um valor que se situa em torno de 3%, a preços de 2019 e que tenhamos reduzido em mais de 70% o número de vítimas mortais no mesmo período”.

“O principal contributo para a redução anual do custo económico e social dos acidentes rodoviários foi dado pelos ganhos significativos registados na redução do número de vítimas com maior grau de gravidade, assinalando-se em particular a redução de 70% no número de vítimas mortais neste período e a diminuição em 80,7% no número de feridos graves”, sublinha ainda a ANSP, afirmando que “o estudo divulgado hoje é um instrumento fundamental para a avaliação do impacto das políticas públicas de segurança rodoviária e do investimento em segurança rodoviária, nomeadamente em infraestruturas mais seguras”.

Rui Ribeiro lembra que, no entanto, “estamos ainda a uma distância considerável do nosso objetivo maior: o da Sinistralidade Zero”, urgiu, apelando ainda a que o investimento na segurança rodoviária seja “um desígnio nacional”, pelo que “Portugal tem tudo o que necessita para ser um exemplo a nível europeu nesta matéria, mas para isso são fundamentais um claro compromisso político e o envolvimento de toda a sociedade”.

Voltando aos dados estatísticos pertinentes a 2019, o estudo do ISEG revela ainda que os danos na propriedade causados por acidentes rodoviários com vítimas são estimados em 263,9 milhões de euros, ou seja, 0,124% do PIB. Em relação aos custos médicos das vítimas destes acidentes, estes são calculados em 84,6 milhões de euros (0,04% do PIB). Abaixo estão os custos administrativos, de cerca de 78,5 milhões de euros, traduzindo-se em 0,037% do PIB. Outros custos chegam a 26,6 milhões de euros (0,013% do PIB).

Na sua globalidade, os danos na propriedade resultantes de acidentes rodoviários com e sem vítimas são calculados em 1.324,1 milhões de euros (0,62% do PIB).

A ANSP revela que entre 1995 e 2019, Portugal investiu cerca de 33.682 milhões em infraestruturas rodoviárias, resultando numa poupança de 174.810 milhões de euros em custos económicos e sociais. Esse valor corresponde a cerca de 82,3% da riqueza criada em Portugal em 2019, sendo cinco vezes superior ao valor investido. Também em 2019 “foram evitadas a perda de 24.140 vidas, de 170.456 feridos graves e de 211.615 feridos leves”.

A ANSP considera que “o investimento em segurança rodoviária e em infraestruturas mais seguras é o melhor investimento que um país pode fazer, pois além de salvar vidas tem um elevado retorno económico e social”.

Outras conclusões do estudo do ISEG apontam para os custos humanos (condutores, passageiros, peões) serem mais acentuados em indivíduos do sexo masculino, o custo económico e social médio de uma vítima mortal de acidente rodoviário ser estimado em 3,06 milhões de euros por cada fatalidade (o custo de um ferido grave é de 530.828 euros por vítima) e os atropelamentos constituírem o tipo de acidente com o custo económico e social mais elevado, estimado em 161.737 euros por acidente.

O distrito de Beja é onde os acidentes com vítimas têm um custo mais elevado, calculado em 379.098 euros por cada acidente. O custo da sinistralidade para a sociedade é mais elevado aos domingos e em agosto.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.