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Acordo comercial do Brexit aprovado na Câmara dos Comuns com 521 votos a favor e 73 contra

A aprovação, apesar de ser já esperada, marca um ponto fulcral no processo de saída do Reino Unido da União Europeia, ao transpor para a lei britânica o acordo conseguido com Bruxelas. Apesar das muitas críticas que se fizeram ouvir, vários deputados realçaram a importância de aprovar um acordo minimalista e longe de perfeito do que permitir uma saída desordenada e caótica.
30 Dezembro 2020, 15h13

O acordo comercial entre o Reino Unido e a União Europeia (UE), que havia sido apresentado no passado dia 24, foi aprovado ao início da tarde desta quarta-feira pela Câmara dos Comuns britânica. A aprovação foi feita pelo expressivo resultado de 521 votos a favor e 73 contra.

O primeiro-ministro Boris Johnson havia pedido que, “depois de termos concretizado o Brexit, mantenhamos o Brexit concretizado”, naquele que pareceu um discurso que prepara a defesa do acordo nos próximos meses, que se esperam de forte contestação.

Apesar da vitória clara, vários foram os críticos da solução apresentada. Ainda assim, Boris Johnson aproveitou a discussão que antecedeu a votação do acordo para o enaltecer, sublinhando novamente que se trata não só do maior acordo comercial do mundo, mas também que é o melhor cenário possível para o Reino Unido.

“O principal propósito desta lei é de efetivar algo que o povo britânico sempre soube ser possível, mas a quem muitos disseram ser impossível: que podemos fazer comércio e cooperar com os nossos vizinhos europeus, sempre numa relação próxima de amizade e boa vontade, mas retendo a nossa soberania legal e o controlo sobre o nosso destino”, resumiu o primeiro-ministro.

Johnson foi ainda confrontado com alguns aspetos do pacto que desagradam a fações do Parlamento britânico. O Partido Nacional Escocês (SNP), por exemplo, atacou a solução encontrada para as pescas, apontando para menores quotas para as embarcações do país e afirmando que a indústria piscatória escocesa e britânica está desapontada e zangada.

Ian Blackford, líder da bancada nacionalista escocesa, atacou por diversas vezes o acordo, falando na “maior traição” com as “promessas falhadas às comunidades piscatórias escocesas”.

“A Escócia já era europeia antes de ser britânica”, apontou Blackford, que concluiu indicando que “o futuro da Escócia terá de ser europeu”.

Também o líder da oposição, o trabalhista Keir Starmer, acusou Johnson de não ser honesto com os eleitores quando fala num acordo sem tarifas nem quotas.

“O primeiro-ministro sabe que isso não é verdade, todos os membros desta câmara sabem que isso não é verdade”, afirmou Starmer.

Theresa May, antiga primeira-ministra e deputada do Partido Conservador britânico, foi pronta a responder a Starmer, lembrando o trabalhista que o seu partido se recusou a votar favoravelmente o acordo por ela conseguido com a UE.

Apesar do discurso de Starmer, os trabalhistas votaram maioritariamente a favor do acordo, como, aliás, o líder do partido havia já instruído. Não obstante alguns deputados terem desafiado a disciplina de voto, o resultado estava já anunciado antes do voto e foi facilitado pela postura do maior partido da oposição.

Ainda assim, vários foram os deputados que afirmaram votar a favor da legislação apenas pela alternativa, uma saída desordenada, constituir uma ameaça muito maior à economia britânica. Boris Johnson já fez saber que realizará uma conferência de imprensa às 17 horas locais para abordar, entre outros assuntos, a aprovação do pacto pelos Comuns.

Já na manhã desta quarta-feira, a UE havia manifestado estar pronta para trabalhar juntamente com o Reino Unido no pós-Brexit.

“O acordo hoje assinado é o resultado de meses de intensas negociações, nas quais a UE deu provas de um nível de unidade sem precedentes. É um acordo justo e equilibrado que protege totalmente os interesses fundamentais da UE e cria estabilidade e previsibilidade para os cidadãos e empresas”, declarou Charles Michel, o presidente do Conselho Europeu.

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