Os Açores receberam 125 refugiados ucranianos, na sequência da ofensiva militar lançada pela Rússia a 24 de fevereiro, e há 26 crianças integradas nas escolas da Região, revelou hoje o Governo Regional.
Em resposta a questões da Lusa, fonte oficial do executivo de coligação PSD/CDS-PP/PPM adiantou que o arquipélago açoriano recebeu, desde o início do conflito na Ucrânia, 125 refugiados, atualmente fixados em sete das nove ilhas açorianas.
De acordo com os dados divulgados à agência Lusa, a ilha de São Miguel tem atualmente 67 cidadãos ucranianos, a Terceira 20, Santa Maria tem 18, o Faial 10 e as Flores seis, ao passo a ilha do Pico e a do Corvo acolhem dois ucranianos cada.
A mesma fonte do Governo dos Açores admite que podem existir mais cidadãos ucranianos na região, tendo o pedido de proteção internacional sido efetuado previamente e estando a morada inicial registada no continente.
“Do mesmo modo, poderá haver cidadãos registados nos Açores que se deslocaram para o continente, ou mesmo para outros países”, salvaguardou.
A Secretária Regional da Educação e dos Assuntos Culturais, Sofia Ribeiro, adiantou que as escolas da Região já integraram 26 alunos, entre os três e os 15 anos de idade, distribuídos pelos vários ciclos e níveis de ensino, nas ilhas de Santa Maria, São Miguel, Terceira, Faial, Flores e Corvo.
Segundo a governante, citada numa nota divulgada pelo executivo, os alunos ucranianos que cheguem as escolas da região terão adaptações curriculares para promover uma “integração efetiva na comunidade e no sistema de ensino”.
O documento que estabelece as normas de integração dos alunos refugiados da Ucrânia no sistema de ensino Regional foi publicado em Jornal Oficial no sábado.
Sofia Ribeiro explicou ainda que a admissão dos alunos na escola deve ser “logo acompanhada pelos serviços de psicologia e orientação, que vão aferir da condição e das necessidades especiais que estes alunos tenham na sua integração, quer curricular, quer na sociedade”.
Depois dessa avaliação, o aluno é integrado “numa turma que tenha o mesmo nível de idades” e, no caso de ser necessário fazer alguma adaptação, “far-se-á, como se faz com qualquer aluno açoriano”, especificou.
A integração na turma é acompanhada por uma “adaptação curricular” que passa também por “uma adaptação do número de horas em sala de aula”.
“Estes meninos e jovens poderão fazer uma adaptação progressiva em que não carecem de estar todo o tempo em aulas. Seguimos a norma que está a ser aplicada pelo Ministério da Educação, com uma diferenciação do número de horas por ciclos e níveis de ensino”, explicou ainda titular da pasta da Educação.
Estes alunos têm obrigatoriamente a disciplina Português Língua Não Materna, lecionada por professores das escolas em que estão integrados e no currículo de cada aluno é dada prioridade “às áreas das expressões artísticas e motoras”, aulas em que “o domínio do Português é menos essencial” para “uma maior integração no grupo da turma”.
Citada na mesma nota, a Secretária Regional disse que enquanto a situação fiscal das famílias não estiver definida, foi dada orientação “para que seja aplicado o escalão mais baixo, ou seja, com comparticipação máxima no que concerne aos serviços de ação social escolar”.
Para a integração dos refugiados o Governo Regional constituiu um grupo de trabalho, cuja coordenação pertence à Presidência, com a responsabilidade delegada no Subsecretário da Presidência, Pedro Faria e Castro.
Para que qualquer refugiado possa ter apoio do Governo dos Açores, é necessário estar registado na plataforma do SEF. Depois desse registo, é-lhes atribuído o número de Segurança Social, saúde e contribuinte.
À chegada ao arquipélago, os refugiados são “sempre acompanhados por um técnico da Segurança Social que trata de todo o processo”, explicou à Lusa fonte do executivo regional.
Neste processo estão envolvidos vários departamentos do Governo, entre eles a Vice-Presidência — onde as questões como habitação, alimentação e outros bens de primeira necessidade são tratados.
Fazem ainda parte do trabalho a Secretaria da Saúde e Desporto, da Educação, Trabalho e Formação e ainda a Direção Regional das Comunidades, onde é desenvolvido o trabalho de facilitação à tradução e acompanhamento linguístico de ucraniano para português.
“É também através da Segurança Social atribuído o abono de família a menores e o Rendimento Social de Inserção (RSI) ao agregado familiar”, explicou fonte do Governo.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de três mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A ofensiva militar causou a fuga de mais de 13 milhões de pessoas, das quais mais de 5,5 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.
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