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Adelson: o magnata dos casinos quer conquistar o Japão

Mesmo com a crise, Adelson nunca baixou os braços em situações desesperantes. Ele é filho de um imigrante lituano que trabalhava como taxista e de uma americana, proprietária de uma modesta retrosaria. Dormia com os três irmãos e os pais num pequeno quarto.
29 Julho 2018, 13h00

Sheldon, que foi ‘cortejado’ por Trump durante longos meses para ser um dos financiadores da campanha, nunca ficou tímido ao falar da sua fortuna. Uma vez, em Washington, durante uma recepção oficial na Casa Branca, cumprimentou o presidente George W. Bush e disse-lhe: “Sabe, eu sou o judeu mais rico do mundo”.

Nesta altura, Adelson encontrava-se no terceiro lugar da lista dos mais endinheirados do planeta. Nas conversas informais com os amigos o empresário americano, casado e com cinco filhos, afirmava que em breve iria ser o líder e destronaria o investidor Warren Buffett e o fundador da Microsoft, Bill Gates.

Dificilmente este desejo será concretizado – segundo o ‘ranking’ da Forbes está no 21º lugar dos mais ricos do mundo, com uma fortuna avaliada em 38,5 mil milhões de dólares. A crise financeira, que penalizou fortemente o setor do jogo, roubou-lhe o sonho de liderar o ‘top’ dos multimilionários. Mas, aos 84 anos, a enorme influência política mantém-se – desta vez ao lado de Trump.

Nos negócios, a empresa Las Vegas Sands é a Meca do jogo. Situada em Los Angels e em Macau, gere diversos hotéis de luxo com mais de três mil quartos, 50 pisos e dezenas de casinos. Em Junho de 2009, a companhia inaugurou em Macau o maior casino do mundo, chamado Venetian.

Mesmo com a crise, Adelson nunca baixou os braços em situações desesperantes. Ele é filho de um imigrante lituano que trabalhava como taxista e de uma americana, proprietária de uma modesta retrosaria. Dormia com os três irmãos e os pais num pequeno quarto. Aos 12 anos, pediu emprestados 200 dólares a um tio para comprar os direitos da comercialização de jornais nas ruas da cidade. Durante quatro anos levantou-se todos os dias de madrugada para distribuir os diários. Insatisfeito com a rentabilidade do negócio decidiu, aos 16 anos, ir vender doces.

Mais tarde, abandonou os estudos no liceu de Boston para servir o exército. Esteva lá três anos e meio. “Muitas pessoas pensam que tipos como eu têm sucesso por explorar os empregados e passar por cima de toda a gente”, disse à revista ‘New Yorker’. O empresário admitiu ainda que o tempo passado no exército lhe deu mais consciência e empenho para ajudar os mais desfavorecidos.

Depois tornou-se consultor financeiro de empresas, investiu em imobiliário e antes de atingir os 40 já tinha uma fortuna avaliada em cinco milhões de dólares.

Operadoras de jogo em Macau pretendem garantir uma licença no Japão
“Acreditamos que a Las Vegas Sands, MGM (…) e a Melco Resorts estão entre os operadores de casinos com maior probabilidade de obter uma licença no Japão”, disse à Lusa a analista da Bloomberg, especialista no jogo na Ásia, Margaret Huang. Para a analista da Bloomberg, o grupo Las Vegas Sands, que opera em Macau como Sands China, provou o seu modelo de negócio em Las Vegas, Macau e Singapura, sendo que este último teve grande influência na decisão de Shinzo Abe [primeiro-ministro do Japão] em fazer um esforço para que a lei fosse aprovada.

“A Las Vegas Sands está muito interessada em investir nas cidades de Tóquio, Yokohama e Osaka, se lhe for dada essa oportunidade”, disse à Lusa, o grupo, poucos dias depois da lei que permite a abertura de três casinos ter sido aprovada, no dia 20 de julho.

No final de 2016, uma primeira proposta tinha sido aprovada após de anos de debate. Desta vez, um novo passo foi dado com a votação do Senado, um mês após a ‘luz verde’ dada pela Câmara dos Representantes do Japão (câmara baixa nipónica), autorizando a construção de três ‘resorts’ integrados que podem incluir, além de casinos, centros de conferência, hotéis, restaurantes, teatros e outros locais de entretenimento.

Em resposta a agência Lusa, a operadora de jogo em Macau Galaxy Entertainment Group demonstrou todo o interesse em conseguir uma das três vagas existentes. “Estamos ansiosos para continuar o diálogo com o governo”, respondeu o grupo, através do seu gabinete no Japão. “Vamos trabalhar em estreita colaboração com o Governo, empresas e fornecedores locais japoneses e com os nossos parceiros internacionais para criar um destino de entretenimento de classe mundial” acrescentou o grupo, que acredita que esta lei vai ajudar “o objetivo do governo japonês em atrair 60 milhões de visitantes até 2030”.

No dia 20 julho, dia em que a lei foi aprovada pelo parlamento nipónico, o presidente executivo da MGM, com sede em Las Vegas mas que também opera em Macau, reagiu demonstrando a sua satisfação e confiança em conseguir uma licença para a construção de um ‘resort’ integrado.

A aprovação da lei “permite-nos avançar com uma colaboração com os parceiros comerciais japoneses para definir uma visão para um ‘resort’ integrado, de classe mundial (…) a MGM orgulha-se de ter fornecido pesquisa académica e análise económica e de ter feito várias sessões de estudo com especialistas de todo o mundo”, disse Jim Murren, declarando ainda ter, há quatro anos, uma equipa de desenvolvimento a tempo integral no Japão.

Margaret Huang considerou que a Melco Resorts parte na linha da frente nesta luta acérrima pelo mercado japonês, “por ser a única marca focada na Ásia e dado ao compromisso que tem demonstrado no país [Japão]”. Pelo menos desde há um ano, que a Melco Resorts resorts tem manifestado interesse em investir no Japão e o seu presidente executivo, Lawrence Ho, filho do magnata do jogo de Macau Stanley Ho, não se tem coagido de o afirmar publicamente.

“O Japão continua a ser a prioridade central”, disse Lawrence Ho durante a apresentação dos resultados do grupo, na terça-feira. “Só para meter as coisas em escala: Nós quase que conseguimos meter 73 ‘Macaus’ dentro da cidade de Tóquio”, afirmou o diretor executivo da Melco International, referindo-se às potencialidades turísticas, pouco aproveitadas no Japão, durante o discurso inaugural na edição deste ano da feira Global Gaming Expo Asia (G2E Asia), em Macau, no dia 15 de maio.

De acordo com o diretor executivo da Melco International, o número de turistas chineses no Japão vai quase duplicar até 2025. “Mesmo a tempo de nós conseguirmos abrir o nosso primeiro resort integrado, no Japão”, destacou na mesma ocasião. Apesar do grande potencial turístico que o Japão tem a analista da Bloomberg não prevê, pelo menos para curto, repercussões negativas na indústria turística e do jogo em Macau.

“Não esperamos que nenhum casino no Japão abra até 2025, por isso não há repercussões de curto prazo para os operadores em Macau. Mesmo quando estes casinos abrirem vão ter de competir com o mercado de Macau plenamente desenvolvido e maduro”, explicou Margaret Huang.

De acordo com a analista, os ‘resorts’ integrados nipónicos vão ser mais destinados ao jogo de massa em comparação com o segmento vip em crescendo em Macau. “Ainda assim, qualquer um dos operadores de jogos de Macau, se conseguir uma oportunidade no Japão e assim diversificar mais as suas receitas” vão procurar agarrá-la, considerou.
Em 2017, as receitas dos casinos atingiram um total de 265.743 milhões de patacas, de acordo com os dados da Direcção de Inspeção e Coordenação de Jogos (DICJ). Macau, um território com 30 quilómetros quadrados, recebeu no ano passado 32,61 milhões de visitantes.

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