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“Adeus, querido pai” a despedida emocionada dos filhos João e Isabel

Junto à residência de Mário Soares, no Campo Grande, havia flores e muitas pessoas que fizeram um breve período de recolhimento para prestarem homenagem ao antigo Presidente da República.
13 Janeiro 2017, 03h01

“Adeus, querido pai”, “o pai era o nosso herói”, foi desta forma emocionada que os dois filhos de Mário Soares, João e Isabel, se despediram do pai no Mosteiro dos Jerónimos. A urna do antigo presidente da República seguiu depois em cortejo, com várias paragens: Assembleia da República e Largo de Rato, sede do PS, onde um dos slogans das presidenciais de 1986, “Soares é fixe”, foi entoado por milhares de cidadãos.

Na chegada do armão militar (um tipo de charrete cerimonial) ao cemitério dos Prazeres ouviu-se o hino nacional e muitos aplausos.
Os preparativos para as cerimónias fúnebres começaram na segunda-feira, dia 9. Na sala dos azulejos do Mosteiro dos Jerónimos, onde a 12 de Junho de 1985 Mário Soares assinou o acordo de adesão de Portugal à CEE, vários militares começaram a manhã a receber indicações de um oficial. “Vocês vão estar em direto para as televisões até à meia noite. Têm de estar focados no que estão a fazer, isto só pode sair bem. Eu também já fui cadete e a imagem que deixarem é a das Forças Armadas”, diz o oficial.

Contagiados pelo espírito de missão, um grupo de seis cadetes, com a espada junto ao ombro, caminhou em passo de marcha até ao local onde se vão colocar. Durante a tarde, de meia em meia hora, seriam rendidos em grupos de seis elementos. Foi assim até à meia-noite. Nesta sala dos Azulejos, um antigo refeitório do Mosteiro, estava ainda um busto da República – Mário Soares também se definia como um republicano.

Ao lado, no Claustro, técnicos de luz e som corriam de um lado para o outro para que nada falhasse. Ecrãs gigantes, um palco, 400 cadeiras e dezenas de microfones estavam a postos para receber as homenagens feitas pela família, amigos e figuras de Estado.

Neste primeiro dia das cerimónias fúnebres, vários portugueses fizeram questão de homenagear o ex-Presidente. “Obrigado Soares, és um fixe”. Esta foi uma das muitas mensagens colocadas à porta da casa de Mário Soares na manhã em que o país se mobilizou para acompanhar o percurso desde o Campo Grande até ao Mosteiro dos Jerónimos, onde o corpo esteve em câmara ardente.

Junto à residência de Soares, na rua que leva o nome do seu pai, JoãoSoares, havia ainda flores, sobretudo cravos, e muitas pessoas que fizeram um breve período de recolhimento para prestarem homenagem.
Nos Paços do Concelho, um dos momentos mais marcantes: a urna do antigo chefe de Estado português chegou à Praça do Município, às 11h30, e foi transferida para o armão militar que a transportou em cortejo até Belém.

Pelo caminho uma paragem:o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, e vereadores juntaram-se aos filhos João e Isabel Soares e aos netos. Após a chegada, a urna coberta pela bandeira de Portugal foi retirada do carro funerário para o armão por seis militares da Guarda Nacional Republicana (GNR), seguindo-se a entrega das condecorações pelos netos.
Depois, em direção aos Jerónimos, o cortejo passou por locais como Marquês de Pombal, Rua do Arsenal, Praça do Comércio, Cais do Sodré, Avenida 24 de Julho, Avenida da Índia e Praça do Império.

Já nos Jerónimos, perto do meio-dia, Eduardo Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República, e Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, chegam quase ao mesmo tempo que a urna. Agitaram-se bandeiras, bateram-se palmas e ouvia-se: “Obrigado Mário Soares. Viva a Liberdade!”.

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