Janet Yellen terminou o primeiro e único mandato como chairwoman da Reserva Federal, o banco central dos EUA, no último dia 3 de fevereiro. A avaliação é positiva – com Yellen ao leme a economia norte-americana atingiu o pleno emprego, cresceu a velocidade cruzeiro e a inflação está próxima do objetivo do banco central de 2% (segundo a métrica Core PCE, cuja estimativa do FOMC para 2017 se fixou em 1,7%). Adicionalmente, Yellen liderou com sucesso a transição de uma política monetária expansionista e não-convencional iniciada pelo precedente Ben Bernanke para a normalização da política monetária, terminando o programa de compra de activos, iniciando o processo de subidas de taxas (ocorreram cinco no decorrer do seu mandato) e também dando o tiro de partida para a redução do balanço da Reserva Federal, que atingiu máximos de 4,5 biliões de dólares.

Segue-se Jerome Powell, que celebrou a sua nomeação oficial como chairman do banco central vendo o mercado a cair 4,1% (desvalorização do S&P 500 a 5 de fevereiro).

Ainda que apresentem backgrounds diferentes – Yellen é doutorada em economia, enquanto Powell fez carreira, pré-Fed, em private-equity – o mercado não antecipa grandes alterações na política monetária do banco central. De facto, Powell indicou na sessão de confirmação perante o Senado que pretende manter o ritmo de normalização monetária, declarações que estão de acordo com as suas ações como governador na Fed.

Esta troca de cadeira também foi bem recebida pelo mercado, não sendo espoletada uma elevada volatilidade no momento da sua nomeação por Donald Trump em novembro passado. Atualmente, o mercado projeta dois aumentos de taxa em 2018, um a menos que o projetado pelo dot-plot da Fed, sendo o primeiro aumento esperado já na próxima reunião de março.

Assim, o que poderia levar a uma inversão da política monetária pela Reserva Federal? O principal fator é a evolução da economia, dado que o banco central é extremamente data-dependent (ou seja, define a sua política tendo por base indicadores económicos).
No evento de ocorrer uma desaceleração económica nos Estados Unidos, com aumento do desemprego e redução da inflação, uma desaceleração ou até suspensão do atual processo de normalização monetária poderá ocorrer. No cenário inverso, de um aumento da inflação para taxas expressivamente superiores ao objetivo de 2%, a Fed deverá responder com uma aceleração do ritmo de subidas de juros.

Contudo, o cenário base é business as usual, não sendo esperadas alterações no atual ritmo de normalização monetária pela Reserva Federal.