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Adolfo Mesquita Nunes diz que nova liderança do CDS irá disputar eleitorado com as franjas

“Honro-me de estar na lista dos vencidos, não porque perdemos, mas pela forma como perdemos”, escreveu ainda Mesquita Nunes, numa mensagem dirigida a João Almeida, dizendo que no congresso de Aveiro o deputado foi alvo de “acusações de portismo e seguidismo e carreirismo que portistas, seguidistas e carreiristas lhe fizeram sem qualquer pejo”.
  • João Almeida e Adolfo Mesquita Nunes no Congresso de Aveiro do CDS
28 Janeiro 2020, 13h09

O ex-secretário de Estado Adolfo Mesquita Nunes, que foi um dos principais apoiantes da candidatura de João Almeida à liderança do CDS-PP, reagiu à vitória de Francisco Rodrigues dos Santos com um “post” na sua conta de Facebook, publicado nesta terça-feira, em que afirma que, mais do que uma escolha entre continuidade e renovação, esteve em causa no congresso de Aveiro uma escolha entre recuperar “o voto urbano e de classe média e jovem que nos chegou em 2009 e 2011” e “ir buscar um outro eleitorado, disputando-o com as franjas”.

“Honro-me de estar na lista dos vencidos, não porque perdemos, mas pela forma como perdemos”, escreveu ainda Mesquita Nunes, numa mensagem dirigida a João Almeida, “que nunca se serviu do discurso moral e dos valores e da sua superioridade para se afirmar sobre os outros, que nunca se fez passar por guardião de coisa nenhuma, e que se propôs fazer aquilo que um partido tem de fazer: apresentar um projeto político para resolver os problemas das pessoas e que recuperasse o eleitorado que perdemos em 2015 e 2019”.

Dirigindo-se aos que lhe apontam o papel de “suposto ideólogo da descaracterização do CDS”, nomeadamente enquanto coordenador do programa eleitoral que o partido apresentou às legislativas de 2019, Adolfo Mesquita Nunes garantiu que ainda virá a explicar o quanto anulou as suas posições pessoais “por amizade e respeito e lealdade numa direção que foi a mais conservadora dos últimos anos” e que era sua intenção de recordar aos congressistas como em 2008 se tornou, “pela primeira vez em décadas, num dos partidos com mais voto jovem, que mais entusiasmo gerava, não por ser o partido guardião dos valores, mas por ser o partido que os colocava ao serviço da preocupação das pessoas”.

“A grande questão do congresso, e teria sido essa a minha intervenção se acaso uma longa vaia não tivesse interrompido um dos nossos melhores, era simples e nada tinha que ver com continuidade ou com mudança: como quer o CDS crescer, recuperando o voto urbano e de classe média e jovem que nos chegou em 2009 e 2011, ou ir buscar outro eleitorado, disputando-o com as franjas?”, escreveu o apoiante de João Almeida, referindo-se aos apupos ouvidos pelo ex-ministro António Pires de Lima ao dirigir-se a Francisco Rodrigues dos Santos.

A João Almeida, com quem teve divergências quando ambos militavam na então Juventude Centrista – “foram tantas que o nosso relacionamento pessoal se ressentiu”, admitiu -, Mesquita Nunes diz que o atual deputado se sujeitou em Aveiro “às acusações de portismo e seguidismo e carreirismo que portistas, seguidistas e carreiristas lhe fizeram sem qualquer pejo”, criticando sem apelo nem agravo as intervenções do novo presidente do partido. “Teria sido fácil demonstrar como o discurso identitário, supostamente coerente e inabalável, era afinal coisa nenhuma, senão mesmo mais relativista. Já se está a ver, aliás.”

Contra “a velha tese de que há gente que não vai nunca votar em nós, que o melhor é cuidar dos 7% ou 8%, e mantê-los tanto quanto possível, que o papel do CDS nunca será o de federar a direita toda mas só alguma”, Mesquita Nunes defende “a grande casa da direita, a direita das liberdades, a direita da contemporaneidade, onde cabemos todos porque todos fazemos falta, onde as tendências servem para somar e não para apontar ou discriminar ou tratar como mascote”, numa mensagem apoiada, entre outros, pelo ex-presidente da Juventude Popular Michael Seufert e pela ex-deputada Inês Teotónio Pereira.

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