Adoro desportos motorizados desde miúdo e tive a sorte de poder aprender a andar de mota ainda muito novo e ainda mais sorte em ter podido participar em inúmeras competições como o campeonato nacional de motocross, múltiplas bajas e percorrer muitos km no deserto em 2 e 4 rodas. Acompanhei e acompanho Fórmula 1, Moto GP, Mundial de rallies, Dakar e o campeonato nacional de todo-o-terreno em que o meu irmão participou durante muitos anos. Como dizem os ingleses sou um ‘petrol head’, alguém que vibra com o som de um motor a acelerar, com o cheiro a gasolina e com todas as emoções que a competição motorizada tem para oferecer.
Em Agosto passado tive a oportunidade de assistir in loco a uma prova do novo campeonato, o Extreme E e mais especificamente a prova Artic X Prix em plena Gronelândia. A Extreme E é uma nova série de corridas todo-o-terreno, criada pelo mesmo empreendedor que lançou a Fórmula E (versão elétrica da Formula 1), e que repete a receita desta vez para veículos todo-o-terreno, 100% elétricos. Cada prova é realizada em ambientes remotos e muito exigentes, escolhidos pelo desafio que apresentam, mas acima de tudo, pelo perigo ambiental que estão a passar.

O campeonato conta com inúmeros pilotos consagrados, como Carlos Sainz, Jutta Kleinschmidt, Sebastian Loeb, Catie Munnings, mas também com pilotos como o Lewis Hamilton ou Nico Rosberg (ex-Formula 1) como fundadores de equipas, elevando o nível e o mediatismo desta competição e consequentemente a mensagem que pretende divulgar. Não nego que senti saudade dos sons das elevadas rotações e das mudanças de caixa encadeadas, mas esse saudosismo depressa foi substituído pela conhecida adrenalina de ver máquinas e pilotos no seu limite, disputando todas as curvas e pisando os limites (seus e das máquinas).

A competição sempre foi um campo de investigação e desenvolvimento para a inovação automóvel, trazendo-nos inovações como os travões de disco, spoilers e até espelhos retrovisores, por isso foi com uma especial curiosidade que pude experienciar em primeira mão como o Extreme E contribui para o desenvolvimento da indústria dos veículos elétricos através de uma competição todo-o-terreno 100% elétrica e com um forte foco na sustentabilidade.

A popularidade do desporto de veículos elétricos está em crescimento e espera-se que continue a crescer. Atualmente, estima-se que a Formula E tenha uma audiência agregada de 316 milhões de pessoas e o recente Extreme E teve uma audiência de 18,7 milhões na sua prova inaugural, este ano na Arábia Saudita. Está também a ser lançado um campeonato de scooter elétricas, o eSkootr (pela mão do Lucas de Grassi campeão da Formula E) e foi também recentemente lançado um novo campeonato de motonáutica de barcos elétricos, o E1 Series. A audiência destes eventos está ainda longe dos reis das suas categorias, Formula 1 com uma audiência estimada de 1,9 mil milhões e o Dakar com uma audiência próxima de mil milhões de pessoas, por exemplo no caso da Formula E têm-se verificado crescimentos acima dos 30% ao ano ao mesmo tempo que recolhem elevada aceitação junto das camadas mais jovens da população, que demonstram uma preocupação clara sobre alterações climáticas, sustentabilidade e neutralidade carbónica.

Apesar de sempre ter sido um “petrol head” fiquei fã e sigo o campeonato Extreme E com cada vez mais entusiasmo, juntando-me assim a um grupo cada vez maior de fãs que procuram a par da adrenalina e da emoção uma preocupação sustentável para o desporto e para o nosso planeta. Antecipo que iremos ouvir cada vez mais sobre estas modalidades e o seu papel na transição energética até à neutralidade carbónica.