Aeroporto: “Dificilmente haverá consenso generalizado” sobre uma solução

Rosário Macário explicou que o trabalho da CTI será desenvolvido “com muita transparência”, através de meios de comunicação digital com a população, para que possam acompanhar o desenvolvimento do trabalho.

Rosário Macário, uma das coordenadoras da Comissão Técnica Independente (CTI) responsável pela avaliação ambiental estratégica da expansão aeroportuária de Lisboa, considerou, em entrevista à Lusa, que “dificilmente haverá consenso generalizado sobre seja qual for a alternativa”.

“Dificilmente haverá um consenso generalizado sobre seja qual for a alternativa, aliás, o primeiro-ministro já referiu isso, porque há, de facto, muitos interesses à volta das diferentes alternativas e, portanto, a alternativa que reunir as melhores condições será sempre uma alternativa que deixa desiludidos os outros, os defensores das outras alternativas”, disse, em entrevista à Lusa, a professora Rosário Macário, que integra a CTI.

A CTI tem como coordenadora-geral a professora Rosário Partidário e conta com uma equipa de seis coordenadores técnicos, entre os quais se encontra a professora universitária Rosário Macário, especialista em Planeamento e Operação de Sistemas de Transportes, com a responsabilidade pela coordenação da área de planificação aeroportuária.

“Um consenso generalizado será difícil de obter, mas aquilo que nós pretendemos obter, e isso tem sido muito claro, é chegarmos ao fim com uma avaliação rigorosa e independente e, independentemente das opiniões que as pessoas tiverem e do ficarem satisfeitas ou insatisfeitas por a sua opção ter sido escolhida ou não, reconhecerem que o que esteve em causa foi uma análise rigorosa e independente”, vincou a coordenadora técnica.

Rosário Macário explicou que o trabalho da CTI será desenvolvido “com muita transparência”, através de meios de comunicação digital com a população, para que possam acompanhar o desenvolvimento do trabalho.

Sublinhando que se trata da primeira vez que é feita uma avaliação ambiental estratégica para o projeto da expansão aeroportuária, diferente dos estudos de impacto ambiental, Rosário Macário explicou que a ideia é entregar um dossiê ao Governo, que depois “tomará as decisões que entender”.

“Será uma decisão política e, esperemos, suportada no nosso trabalho”, vincou.

Questionada sobre por que não se conseguiu ainda avançar com uma solução, após cerca de 50 anos de estudos que chegaram a dar ‘luz verde’ a localizações como Alcochete, Montijo, Ota (Alenquer), ou Rio Frio (Palmela), a especialista apontou “razões políticas”.

“É um assunto sensível do ponto de vista popular e, portanto, e tudo o que é sensível do ponto de vista popular, tem bastante risco político e, portanto, essa é uma das razões porque este assunto tem vindo a ser arrastado, por assim dizer, porque é um assunto sensível, politicamente muito sensível e, portanto, há muitas hesitações e há muitos grupos de interesse à volta deste assunto”, apontou.

Assim, prosseguiu, a criação de uma CTI, para fazer uma avaliação estratégica “de forma transparente”, dará aos decisores um material “independente e rigoroso” de suporte à decisão.

O Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) indicou seis peritos para integrar a CTI para análise estratégica e multidisciplinar do novo aeroporto de Lisboa, tendo sido escolhido Daniel Murta, da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, na área de estudos de procura aeroportuários e de acessibilidades de infraestruturas e transportes

Para o segmento de “planificação aeroportuária, incluindo análise de capacidade e planos de desenvolvimento aeroportuário compatíveis com a evolução de um ‘hub’ intercontinental”, o CRUP designou Rosário Macário, do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa.

As acessibilidades rodoviárias e ferroviárias estarão a cargo de Paulo Pinho, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, e o Ambiente e AAE (Avaliação Ambiental Estratégica) de Teresa Fidelis, do Departamento de Ambiente e Ordenamento da Universidade de Aveiro.

Por fim, para a análise e modelagem económico-financeira foi escolhido Fernando Alexandre, da Faculdade de Economia da Universidade do Minho, e a área jurídica ficará a cargo de Mafalda Carmona, da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.

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