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Afinal, o que são os carros autónomos?

Muito se fala de condução autónoma e automatizada. Uns dizem que está para breve, outros que já está na estrada. Mas o que define, afinal, um veículo autónomo? Conheça os seis níveis de autonomia definidos internacionalmente.
17 Abril 2017, 20h02

A chegada de veículos totalmente autónomos – que algumas marcas defendem aconteça já na próxima década – terá um impacto verdadeiramente notável no panorama automobilístico, substituindo frotas de entregas ou transportando trabalhadores, com a consequente diminuição no trânsito e na poluição, para não falar do presumível impacto na segurança rodoviária. Os construtores também poderão ganhar em termos de produtividade, aproveitando para trabalhar – ou descansar – durante o tempo habitualmente passado ao volante.  Atualmente, a maior parte dos construtores já oferece tecnologia de condução autónoma como equipamento de série ou opcional. Falamos de sistemas que permitem manter o veículo na faixa de rodagem, monitorizar o ângulo morto, ler os sinais de trânsito e até travar autonomamente em caso de perigo de colisão iminente.

Mas o que significa, de facto, a condução autónoma? Estaremos perante um modelo autónomo sempre que este possa realizar pelo condutor alguma operação, ou será que apenas quando formos passageiros dentro do nosso próprio carro poderemos falar de autonomia? A verdade é que existem vários níveis de automação num automóvel, definidos de acordo com padrões internacionais. Quem estabeleceu a norma internacional foi a Society of Automotive Engineers (SAE), associação que congrega os engenheiros que trabalham na indústria automóvel, em documento publicado em janeiro de 2014.  No documento são identificados seis níveis de automação, do 0 ao 5, que servem como guias gerais para atestar a evolução de um dado modelo. No entanto, a medida da evolução pode ser crucial no que respeita aos seguros, que deverão mudar radicalmente na era dos veículos autónomos. Ao mesmo tempo, é estabelecido como ponto fulcral da definição de automação a necessidade de o condutor estar a monitorizar o ambiente rodoviário. Enquanto este tenha de o fazer, estamos na presença de uma condução, no máximo, semiautónoma. Assim que tal deixa de ser necessário estaremos, então, perante uma condução verdadeiramente autónoma.

Eis os seis níveis de automação definidos pela SAE:

Nível 0: O condutor controla tudo: direção, aceleração, travagem, todo o ambiente rodoviário.

Nível 1: Neste nível, existe uma função específica (como a direção ou a aceleração) controlada automaticamente pelo automóvel. É o caso do cruise-control.

Nível 2: Aqui existe pelo menos um sistema que utiliza informação do meio ambiente para controlar pelo menos DUAS funções do veículo, como aceleração e direção. É o caso dos sistemas de cruise-control adaptativo com manutenção na faixa de rodagem. Tal significa que “o condutor se liberta da operação física do veículo ao retirar as mãos do volante E os pés dos pedais ao mesmo tempo”. Apesar disso, tem de estar totalmente vigilante e pronto para assumir o controlo.

Nível 3: Neste nível ainda são precisos condutores, mas é possível transferir par o veículo “funções críticas para a segurança”, em algumas situações de tráfego ou ambientais. Ou seja, o condutor está presente e intervém se necessário, mas não lhe é requerido que monitorize o ambiente da mesma forma que o faz nos níveis anteriores. Exemplo são os sistemas de travagem autónoma e os que conduzem o veículo durante engarrafamentos.

Nível 4: Habitualmente, os modelos chamados “autónomos” estão neste nível. Estes modelos são desenhados para “realizar todas as funções críticas de segurança e monitorizar as condições do trânsito durante toda a viagem”, diz a SAE. No entanto, é importante notar que tal não cobre todos os cenários de condução. O condutor ainda se mantém atrás do volante, se bem que não precise de estar vigilante, apenas alerta para tomar as rédeas do veículo quando este o solicite. Exemplo deste nível é o Autopilot, da Tesla.

Nível 5: O último nível da condução autónoma refere-se sistemas verdadeiramente autónomos em que se espera que o veículo tenha a mesma performance que um condutor humano em todos os cenários de condução, incluindo condições atmosféricas adversas ou em estradas com má sinalização e marcações, como estradas de terra batida. Neste nível, os veículos deixam de precisar de volante ou pedais e o condutor transforma-se em passageiro.

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