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Agência da ONU confirma que Irão ultrapassou limite das reservas de urânio

“De acordo com informações na minha posse, o Irão ultrapassou o limite de 300 quilogramas” de urânio pouco enriquecido, declarou o chefe da diplomacia iraniana.
1 Julho 2019, 16h34

A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), que verifica a aplicação por Teerão do acordo nuclear de 2015, confirmou esta segunda-feira que o Irão ultrapassou o limite imposto às suas reservas de urânio enriquecido, segundo um porta-voz do organismo.

“A agência verificou a 1 de julho que as reservas totais de urânio enriquecido ultrapassaram os 300 quilogramas” e o diretor geral da AIEA, Yukiya Amano, informou o conselho dos governadores do organismo da ONU, indicou o porta-voz numa declaração escrita pouco depois de Teerão ter anunciado que havia excedido o limite fixado.

“De acordo com informações na minha posse, o Irão ultrapassou o limite de 300 quilogramas” de urânio pouco enriquecido, declarou o chefe da diplomacia iraniana, Mohammad Javad Zarif à agência Isna.

Este anúncio, da que será a primeira violação do Irão do acordo de Viena, ocorre num contexto de grande tensão com os Estados Unidos, que faz temer um conflito armado na estratégica região do Golfo.

A crise entre os dois país atingiu o seu ponto mais alto a 20 de junho depois de o Irão ter abatido um avião não tripulado norte-americano, que Teerão diz ter violado o seu espaço aéreo, algo que é desmentido por Washington.

Nem a AIEA nem Zarif precisaram para já a que nível se situam neste momento as reservas de urânio iranianas.

O Irão anunciou a 17 de junho que ultrapassaria a partir de 27 do mesmo mês o limite das reservas e o ministro iraniano alertou implicitamente que Teerão poderá não ficar por aqui.

“Anunciámos (a ultrapassagem do limite) com antecedência (…) e dissemos muito claramente o que faremos” a seguir, disse Zarif, adiantando que o Irão considera ter o direito de agir deste modo no quadro do acordo.

Em resposta à decisão do presidente norte-americano, Donald Trump, de retirar unilateralmente o seu país do acordo em maio de 2018 e de restabelecer sanções contra o Irão, Teerão anunciou a 8 de maio que não se sentia obrigado a continuar a respeitar dois dos seus compromissos no pacto, relativos aos limites das reservas de urânio pouco enriquecido (300 quilogramas) e de água pesada (130 toneladas).

Teerão ameaçou ainda deixar de respeitar a partir de 7 de julho as restrições sobre o grau de enriquecimento de urânio (limitado pelo acordo a um máximo de 3,67%) e retomar o seu projeto de construção de um reator de água pesada em Arak (centro), se os Estados ainda parte do pacto (Alemanha, China, França, Reino Unido e Rússia) não o ajudarem a contornar as sanções dos EUA.

Concluído em julho de 2015 em Viena, o acordo determina que Teerão aceite limitações e maior vigilância internacional do seu programa nuclear em troca do levantamento das sanções internacionais.

O regresso das sanções norte-americanas isola quase completamente o Irão do sistema internacional e fê-lo perder a quase totalidade dos compradores do seu petróleo, asfixiando a sua economia.

À saída de uma reunião de crise dos signatários do acordo na sexta-feira, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araghchi, considerou terem sido realizados “progressos” para ajudar o país a contornar o efeito do restabelecimento de sanções norte-americanas, mas disse que os esforços ainda são “insuficientes”.

Araghchi adiantou que nesse sentido o Irão iria continuar o seu processo de retirada gradual do acordo nuclear. “A decisão de reduzir os nossos compromissos foi tomada e continuaremos o processo até que as nossas exigências sejam atendidas”, sublinhou.

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