Os cortes de produção de petróleo, acordados entre sauditas e russos, arriscam deixar o mercado global em défice no último trimestre deste ano, alerta a Agência Internacional de Energia (AIE). Sem cortes na previsão para a procura este ano e em 2024, a redução de produção da Organização dos Países Produtores de Petróleo e seus aliados (OPEP+) irá empurrar o preço ainda mais para cima, estima a AIE.

Arábia Saudita arrisca quebra económica com novo corte na produção de petróleo

Os líderes sauditas e russos acordaram recentemente prolongar o corte de produção de 1,3 milhões de barris por dia até ao final deste ano, justificando a decisão com a necessidade de estabilizar o mercado, que sofreu fortes oscilações no último ano. Este foi o mais recente corte de produção do maior cartel petrolífero do mundo, que já reduziu o output por 2,5 milhões de barris diários desde o início deste ano.

Até agora, esta redução tem sido compensada em grande parte pelos EUA, Brasil e Irão, que têm aumentado a sua produção. No entanto, “a partir de setembro, a perda de parte da produção da OPEP+ […] irá causar uma redução significativa da oferta ao longo do quarto trimestre”, lê-se no relatório mensal de setembro da AIE.

Na ausência de cortes em 2024, a produção tornar-se-á excessiva no arranque do ano, causando um superavit nos mercados internacionais, acrescenta a agência.

Do lado da procura, a incerteza centra-se na China. A segunda maior economia do mundo tem apresentado indicadores macro abaixo do esperado, deixando os analistas ocidentais preocupados com a performance de um país que tem ajudado a impulsionar a Europa e EUA em outros períodos de crise, mas a relutância do Governo de Pequim em aplicar a tradicional receita de apoios orçamentais deixa dúvidas para 2024.

“Qualquer queda abrupta da atividade industrial chinesa e da sua procura por petróleo deve ter efeitos globais, adensando os desafios em mercados emergentes na Ásia, América Latina e África”, avisa o relatório.