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Alemanha: Extrema-direita na presidência da comissão de orçamento assusta partido de Merkel

A possibilidade de a Alternativa para a Alemanha (AfD) nomear um deputado eurocético para para a comissão está a preocupar Merkel, tendo em conta que, dessa forma, esse teria um papel de relevo no Parlamento alemão em assuntos como as relações do país com a zona euro.
24 Janeiro 2018, 12h25

O partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) anunciou que vai nomear o eurocético Peter Boehringer para a presidência da comissão parlamentar do orçamento, caso venha a liderar a oposição. A possibilidade está a assustar o próximo governo de Angela Merkel, tendo em conta que, dessa forma, o deputado eurocético teria um papel de relevo no Parlamento alemão em assuntos como as relações do país com a zona euro.

A tradição governativa na Alemanha manda que o maior partido da oposição nomeie o presidente da comissão de orçamento. Depois de a CDU de Angela Merkel e o SPD de Martin Schulz (os dois partidos mais votados nas eleições) terem conseguido reunir consenso para aliarem forças e governarem juntos o país, o AfD deve passar a principal partido da oposição. Nas eleições gerais de setembro, o partido conquistou 13% dos votos e foi a terceira força política mais votada.

Apesar de a “Grande Coligação” da CDU com o SPD ter sido recebida com grande otimismo, depois de quatro meses de impasse político, os principais receios dos sociais-democratas começam a revelar-se à medida que o partido de extrema-direita começa a reivindicar a ocupação de lugares-chave no Bundestag.

Na sua página de identificação, Peter Boehringer, de 48 anos, assume como prioridade o “fim imediato da enorme imigração islâmica ilegal e perigosa para a Europa” e a “saída imediata da Alemanha da união ilegal de transferências de euros”. Sendo este o homem que pode vir a ocupar a liderança da comissão do orçamento, a possibilidade de vir a ser nomeado está a alarmar a Alemanha. Deputados da CDU fizeram saber que não é da sua intenção que o AfD tenha uma posição relevante nos assuntos parlamentares e estão a tomar medida para conter a tomada de lugares estratégicos pelos ultraconservadores.

Peter Boehringer já se mostrou contra as políticas comunitárias de resgate financeiro, considerando que a ajuda a países endividados da zona euro “violam os tratados da União Europeia”. “É preciso o fim urgente dos resgates permanentes, centralizados e biliões de euros”, afirmou. O ultraconservador defende ainda o fecho das fronteiras e apelidou a população muçulmana da Alemanha de “grande perigo para o Estado”.

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