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Alerta: Alimentos à base de arroz para bebés contêm níveis perigosos de arsénico

Estudo revela que os bebés estão expostos a níveis ilegais de arsénico, apesar da regulamentação da União Europeia. Problemas de desenvolvimento, diabetes, danos no sistema nervoso e problemas cardíacos têm sido associados ao consumo de arsénico inorgânico.
5 Maio 2017, 16h48

Os alimentos à base de arroz feitos para bebés e crianças jovens contêm níveis perigosos de arsénico inorgânico que tem sido associado a problemas de saúde, avança o estudo realizado pela Universidade Queen’s de Belfast.

A equipa de investigação, que analisou amostras de urina coletadas em 79 crianças, testadas antes e depois do desmame, revela que essa substância está presente em 50% dos produtos de arroz para bebés, noticia a RTP.

Apesar de, no ano passado, a União Europeia ter emitido uma panóplia de regras com o fim de reduzir a quantidade de produtos químicos tóxicos que podem influenciar o desenvolvimento físico e mental, a sua eficácia tem sido questionada após a divulgação deste estudo.

Andy Meharg, professor responsável pelo estudo, informa que “esta pesquisa demostrou uma evidência direta de que os bebés estão expostos a níveis ilegais de arsénico, apesar da regulamentação da União Europeia para abordar especificamente o desafio da saúde”, de acordo com a RTP.

“Os bebés são particularmente vulneráveis aos efeitos nocivos do arsénico, que podem impedir o desenvolvimento saudável, o crescimento, o QI e o sistema imunitário da criança”, acrescenta.

A substância em questão também foi encontrada em crianças amamentadas com leite de fórmula, especialmente em versões não lácteas, aponta o estudo da Universidade.

“Produtos como bolos e cereais de arroz são comuns na dieta do bebé. Este estudo descobriu que quase três quartos dos bolos, especificamente comercializados para crianças, excederam a quantidade máxima de arsénico”, diz Andy Meharg.

As conclusões do estudo levam os autores a alertar para a necessidade dos fabricantes de alimentos reduzirem urgentemente a quantidade de arsénico nos seus produtos.

“Os produtores de alimentos podem reduzir os níveis de arsénico até 85% se percolarem o arroz antes de usá-lo”, disse o investigador, acrescentando que “medidas simples podem ser tomadas para reduzir drasticamente o arsénico nesses produtos. Por isso, não há desculpa para os fabricantes venderem produtos alimentares para bebés com estes níveis nocivos desta substância cancerígena”.

Os problemas de desenvolvimento, diabetes, danos no sistema nervoso e problemas cardíacos têm sido associados ao consumo de arsénico inorgânico. O arroz é um alimento que geralmente contém dez vezes mais arsénico inorgânico do que outros alimentos.

A Associação Britânica Especialista em Nutrição (BSNA), que representa os fabricantes desse género alimentício, e que tem como público-alvo crianças com menos de três anos, salienta que os seus níveis de arsénico são conforme o estipulado pela União Europeia. “A segurança dos produtos é a principal prioridade para os membros da BSNA”, garante o porta-voz da associação.

“Os fabricantes selecionam cuidadosamente e rigorosamente todas as suas matérias-primas para garantir que são seguras e que se encontram estritamente em conformidade com os regulamentos de segurança alimentar atual. A indústria tem vindo a trabalhar proativamente na redução dos níveis de arsénico nos alimentos. A Associação trabalha em toda a indústria e com os reguladores do Reino Unido e da Europa”, adianta o porta-voz.

A Agência “Food Standards” esclarece, no seguimento do estudo que, “é impossível eliminar o arsénico da nossa comida” e “arroz e produtos de arroz podem fazer parte da dieta, inclusive para crianças pequenas. No entanto, nós aconselhamos que as crianças e crianças pequenas não devem substituir o leite materno, a fórmula infantil ou o leite de vaca por bebidas de arroz”.

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