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Alexandre Caseiro Santos: Pelas pistas da Fórmula 1 há um engenheiro português

Alexandre chegou ao cargo de simulation engineer na Williams este ano. Desenvolve modelos em software de simulação que conseguem prever como os sistemas do carro se comportam em pista.
1 Julho 2017, 09h00

Vale a pena sonhar alto? Vale. E foi isso mesmo que transportou um jovem da Marinha Grande até à Fórmula 1. Alexandre Caseiro Santos perseguiu o seu sonho e está a trabalhar para a equipa britânica Williams. “Sempre tive como objetivo chegar a Fórmula 1, por isso tinha por hábito ver que posições estavam abertas nas várias equipas de Fórmula 1 na zona de Oxford. Consegui então uma entrevista na Williams F1 e acabei por ficar.” Alexandre acabou a licenciatura em Engenharia Mecânica Automóvel do ISEP, no Porto, em 2013, mas foi a entrada no mestrado em Motorsport Engineering na Oxford Brookes Engineering, em Oxford, Inglaterra, que lhe criou um bichinho pelo país. No entanto, depois do mestrado regressou a Portugal e estagiou na zona de Lisboa. Apercebendo-se de que queria mesmo ficar em Inglaterra, Alexandre conseguiu uma posição na Jaguar Land Rover em Oxford, “uma excelente empresa para se trabalhar que tem crescido muito nos últimos anos”, diz. E foi então depois que com uma especial atenção às vagas da Fórmula 1 conseguiu ingressar a Williams este ano.

“Sempre acreditei que seria possível e fiz tudo para que acontecesse. A Williams além de ser uma das mais emblemáticas equipas na grelha, é também uma das mais antigas, junto com a Ferrari e a McLaren, logo oferece uma sensação de estabilidade superior às restantes equipas”, nota Alexandre, que ocupa o cargo de ‘Simulation Engineer’.
“Desenvolvo modelos em software de simulação que prevêem como os sistemas do carro se comportam em pista. Este trabalho é desenvolvido tanto para o carro atual como para o carro do próximo ano. Outra das minhas funções é utilizar esses modelos para ajudar os engenheiros de pista, para que mesmo antes de carro entrar em pista, este esteja o mais perto possível da afinação ótima”, explica o português.

Ótima é também a oportunidade que já conseguiu construir na sua jovem carreira. Trabalha diariamente com alguns engenheiros de renome, como Paddy Lowe – actual diretor técnico da Williams, e tricampeão do mundo com a Mercedes, ou Rob Smedley – conhecido por ter sido engenheiro de pista do automobilista Felipe Massa, na Ferrari. “É bastante inspirador trabalhar não só com o Paddy Lowe mas também com pessoas incrivelmente talentosas mas que, pelas mais variadíssimas razões, não são tão mediáticas, mas que se tornam igualmente inspiradoras”. Para além disso, sobre a convivência com Sir Frank Williams, fundador da equipa Williams, e com a filha e também diretora da equipa, Claire Williams, Alexandre diz que “é frequente cruzarmo-nos com ambos na fábrica e o Sir Frank Williams está sempre disposto a dar dois dedos de conversa”.

Trabalhar num ‘gigante’ da F1 é “inspirador”, mas “é evidente a necessidade de ser eficiente e eficaz, qualquer erro comprometerá o resultado durante o fim-de-semana”, aponta Alexandre. No entanto, os colegas estão sempre dispostos a ajudar, o que possibilita uma maior evolução na profissão, e todos ficam a ganhar porque no “fundo estamos todos a trabalhar para o mesmo objetivo”.

Alexandre está por terras inglesas mas admite que gostaria muito de ver esta nova geração de carros numa das pistas lusitanas. “Portugal parece estar a começar a reunir as condições necessárias para receber um GP e há já quem fale em Portimão, no entanto há muitos detalhes que têm de bater certo para que tal aconteça”.

Por agora, o objetivo é aprender o mais possível sem pensar muito no futuro. “Conseguir chegar a Diretor Técnico seria muito bom, mas não considero um objetivo visto que o mundo da F1 muda muito rapidamente e é frequente engenheiros mudarem-se para outras indústrias depois de alguns anos”.

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