O presidente da República Popular da China, Xi Jinping, disse esta quarta-feira, em conversa com a alta-comissária da ONU para os Direitos Humanos que o desenvolvimento dos direitos humanos na China “se adequa às suas próprias condições nacionais”.
A visita de Michelle Bachelet foi marcada por críticas, mesmo tendo a própria dito que foi negociada a visita aos centros de detenção para minorias étnicas, como no caso dos uigures, minoria muçulmana que vive na região ocidental de Xinjiang.
A viagem de seis dias da representante das Nações Unidas inclui uma visita a Xinjiang, onde o seu gabinete disse, no ano passado, acreditar que os uigur têm sido detidos ilegalmente, maltratados e forçados a trabalhar. No rescaldo desta conversa, não houve menção aos campos nem por parte da ONU nem por parte de Pequim.
“Desviar-se da realidade e copiar o modelo institucional de outros países não se adequaria às condições locais e traria consequências desastrosas”, disse Xi, segundo a agência de notícias oficial chinesa Xinhua, citada pela “Reuters”. E destacou que, nos países em desenvolvimento, importam, sobretudo, os direitos à subsistência e ao desenvolvimento.
Bachelet disse que as suas reuniões com Xi e outras autoridades foram uma oportunidade valiosa para falar diretamente sobre questões de direitos humanos. “Para mim, é uma prioridade se envolver diretamente com o governo da China, em questões de direitos humanos, domésticas, regionais e globais”, disse no início da reunião com Xi. “Para que o desenvolvimento, a paz e a segurança sejam sustentáveis – localmente e além-fronteiras – os direitos humanos devem estar no centro”.
A China inicialmente negou a existência de campos de detenção em Xinjiang. Contudo, em 2018, disse que tinha criado “centros de formação vocacional” necessários para conter o que dizia ser terrorismo, separatismo e radicalismo religioso. Em 2019, o governador de Xinjiang, Shohrat Zakir, disse que todos os estagiários se tinham “formado”.
Na segunda-feira, para inaugurar o primeiro dia de visita, o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, presenteou Bachelet com um livro de citações de Xi sobre direitos humanos.
Na terça-feira, o ministro da Economia alemão, Robert Habeck, disse que o país vai dar maior importância às questões de direitos humanos ao lidar com a China, após novos relatos dos meios de comunicação social indicarem detenções em massa de pessoas uigur entre janeiro e julho de 2018.
No mesmo dia, o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Ned Price, disse que foi “um erro concordar com uma visita dadas as circunstâncias”. De relembrar que os Estados Unidos descreveram o tratamento da China aos uigur como genocídio.
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