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5G: CEO da Altice diz que há concorrentes da Huawei que também dependem de fornecedores chineses

A saída da Huawei do 5G resulta de uma decisão que não é da Altice. O grupo ainda está a analisar o enquadramento e os seus efeitos, nada tendo definido em termos do impacto financeiro da decisão. Ana Figueiredo recorda que há “muitas empresas” ocidentais – concorrentes da Huawei – que utilizam componentes fabricados na China e outros países abrangidos pela exclusão.
1 Junho 2023, 14h41

A ‘expulsão’ da operadora chinesa Huawei do âmbito do 5G nacional foi uma decisão da Comissão Nacional de Segurança – que decorre de uma decisão mais global, que implica outros países. E que se inscreve num movimento mais geral relacionado com o novo quadro estratégico internacional.

Questionada pelo JE sobre esta matéria, a CEO da Altice, Ana Figueiredo, disse que “somos auditados internacionalmente, nacionalmente, tivemos conhecimento de uma deliberação por parte da Comissão Nacional de Segurança, estamos a analisá-la”.

Apedar de estar numa fase de análise, Ana Figueiredo não quis comprometer-se sobre o caráter irreversível ou não da decisão de afastar o grupo chinês. “Não é competência dos operadores, a pergunta tem de ser dirigida às entidades competentes, à Comissão Nacional de Segurança”.

“Vários países da União Europeia e a própria União Europeia vêm seguindo um processo relativamente à restrição ou criação de mecanismos de segurança em termos do 5G”, de onde resultou a decisão de retirar a Huawei do 5G nacional.

“O que existe publicamente é uma definição de critérios. Estamos a olhar para essa deliberação, bastante ampla também na definição de critérios de exclusão. Fala também por exemplo nas cadeias de abastecimento: há muitas empresas internacionais sediadas em países da NATO, da União Europeia e da OCDE que dependem também de fora destas geografias em termos de fornecedores”, recordou Ana Figueiredo. A CEO estava desta forma a fazer referência ao facto de a deliberação do Conselho Nacional de Segurança do Ciberespaço também proibir a utilização de equipamentos fornecidos por empresas que, sendo sediadas em países ocidentais, também utilizam componentes e equipamentos fabricados na China e em outros países não-ocidentais. Esta definição aplicar-se-á, pelo menos em teoria, a empresas como a Ericsson ou a Nokia, tal como o Jornal Económico noticiou em primeira mão na passada sexta-feira, 26 de maio.

“Por isso, o que nós procuramos é entender e analisar e tomaremos as decisões estratégicas e operacionais que acharmos mais convenientes. A Altice vai cumprir todos os requisitos legais”, confirmou a CEO do grupo, para especificar que “escolhemos os nossos fornecedores com base em critérios tecnológicos, mas em cima disso construímos e desenhamos redes também do ponto de vista de segurança”.

Quanto ao impacto financeiro que a saída da Huawei vai necessariamente ser geral, Ana Figueiredo disse que “procuraremos as melhores soluções. Estamos numa fase de entendimento, de clarificação, porque a informação ainda é escassa. Só depois veremos se há ou não algum impacto”, concluiu.

Recorde-se que, quando a decisão foi conhecida, o analista Francisco Seixas da Costa disse em declarações ao JE que a iniciativa não podia ter sido tomada apenas em Portugal – e teria que enquadrar-se num movimento mais global, com claros impactos geo-estratégicos.

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