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Amazónia: Área superior ao Luxemburgo foi desflorestada sob mandato de Bolsonaro

Os madeireiros arrasaram uma área da floresta tropical brasileira maior do que o Luxemburgo desde que o presidente Jair Bolsonaro chegou ao poder, aumentando as tensões pela custódia da administração da floresta amazónica.
  • DR REUTERS/Paulo Whitaker
5 Agosto 2019, 12h29

A desflorestação na Amazónia alcançou valores recorde em junho, cifrando-se neste momento em 88%. O alerta para a extensão da devastação florestal foi dado pela Agência Espacial Brasileira (INPE), que aponta um abate de árvores ao longo de 3.926 quilómetros quadrados da maior floresta tropical do mundo.

Em termos práticos, os madeireiros arrasaram uma área da floresta tropical brasileira maior do que o Luxemburgo desde que o presidente Jair Bolsonaro chegou ao poder, aumentando as tensões pela custódia da administração da floresta amazónica.

A desflorestação em julho, que acompanhou os fortes aumentos anuais em maio e junho, foi o maior desde o início do mandato de Bolsonaro em janeiro e o maior registado em apenas um mês num espaço de dois anos. O ritmo da destruição provocou tensões entre as populações indígenas que vivem em áreas protegidas da Amazónia e os seus apoiantes, e aqueles que procuram comprar os terrenos. Também provocou críticas internacionais, em parte porque o ecossistema de 6,7 milhões de quilómetros quadrados desempenha um papel vital na absorção das emissões de dióxido de carbono e na estabilização das temperaturas globais, de acordo com os cientistas.

Depois da União Europeia ter assinado o acordo com o mercado sul-americano (Mercosul), o presidente francês Emmanuel Macron alertou que a implementação do acordo depende da adesão do Brasil ao acordo climático de Paris, um acordo do qual Bolsonaro já manifestou intenções de abandonar.

O presidente brasileiro também entrou em choque com o INPE sobre os recentes dados do desflorestação, acusando a agência – que rastreia a derrubada de florestas por meio de imagens de satélite – de inflacionar os seus números. “O que não queremos é propaganda negativa para o Brasil”, referiu no mês passado, pedindo uma verificação mais rigorosa dos dados oficiais. O governo voltou a criticar o relatório, na passada quinta-feira, acrescentando que o próprio Executivo está a trabalhar num sistema de rastreamento e recolha de dados.

Bolsonaro defende a abertura de secções protegidas da Amazônia para atividades comerciais e expressou a esperança de nomear um de seus filhos como embaixador nos EUA para atrair investidores de mineração.

A floresta tropical há muito que é cobiçada pelo setor de agronegócios e outras indústrias. No entanto, ambientalistas alertam que as promessas de Bolsonaro de abrir as áreas reservadas para o desenvolvimento, ao mesmo tempo em que reduzem as proteções ambientais, encorajam os madeireiros, exploradores e fazendeiros interessados ​​em lucrar com a desflorestação.

 

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