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Amazónia: Bolsonaro aponta dedo a ONGs e governadores por “incendiarem” floresta e não “mexerem uma palha”

Numa entrevista, o presidente afirma que os incêndios podem ser uma resposta ao corte do financiamento às organizações não governamentais por parte do governo e argumenta que os fogos têm o objetivo de manchar a imagem do Brasil.
  • Bruno Kelly/Reuters
21 Agosto 2019, 15h53

Depois de duas semanas a arder, o presidente do Brasil reconheceu a gravidade da situação na floresta da Amazónia mas apontou o dedo às organizações não governamentais (ONGs) por serem responsáveis pelas queimadas, como retaliação ao facto do seu governo ter cortado financiamentos em 40%. “A questão das queimadas na Amazónia, é que no meu entender pode ter sido potencializada por ONGs porque eles perderam dinheiro. Qual é a intenção? Trazer problemas para o Brasil”, acusou o presidente.

Numa conferência de imprensa, esta quarta-feira, Jair Bolsonaro conclui que “tudo indica” que as ONG estão a “incendiar” a floresta. “Pode estar havendo, não estou afirmando, ação criminosa desses ongueiros para exatamente chamar a atenção contra a minha pessoa, contra o governo do Brasil”, afirmou. “Essa é a guerra que nós enfrentamos. Vamos fazer o possível e o impossível para conter este incêndio criminoso”, segundo cita o jornal brasileiro Folha de São Paulo.

O líder do país partilha o seu “sentimento” de que os incêndios criminosos têm como objetivo enviar as imagens para o exterior. Quando confrontado sobre se tinha provas para as acusações, Bolsonaro respondeu que não tinha “nenhum plano escrito”, defendendo que “não é assim que é feito”.

“O fogo foi posto. Apareceu em lugares estratégicos”, argumentou. “[Há] imagens da Amazónia toda. Como é possível? Nem vocês teriam condições de filmar e mandar para fora todos os locais onde o fogo está a queimar. Tudo indica que foram pessoas que pegaram fogo  para filmar. Esse é que é o meu sentimento”, afirmou o presidente.

Desde o inicio do ano, foram registados 72.843 focos de incêndio até esta segunda-feira passada. O país regista um aumento de 83% em relação ao mesmo período do ano passado. O fogo também avança sobre áreas protegidas. Somente nesta semana, houve 68 ocorrências em terras indígenas e unidades de conservação estatais e federais.

Criticas aos governadores do estado do Norte

Bolsonaro tirou tempo para criticar os governadores da região amazónica, acusando-os de não “mexerem uma palha” para combater os fogos. “Olha só, tem governador, não quero citar nome, que está conivente com o que está acontecendo e bota a culpa no governo federal”, começou. “Tem estados aí, que não quero citar, na região Norte, que o governador não está movendo uma palha para ajudar a combater incêndio. Está gostando disso daí”, afirmou.

As queimadas ocorrem principalmente nas propriedades particulares. Desde janeiro, 60% dos focos de calor foram em áreas privadas registadas no Cadastro Ambiental Rural, 16% em Terras Indígenas e 1% em Unidades de Conservação.

A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta. Tem cerca de cinco milhões e meio de quilómetros quadrados e inclui territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (território pertencente à França).

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