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América Latina reduz em 50% as emissões de dívida externa

A colocação de títulos no mercado internacional caiu quase 50% este ano em relação ao mesmo período de 2021, dando conta das intenções de poupança, mas também da enorme dimensão do problema.
3 Agosto 2022, 16h50

Num cenário em que as taxas de juros nos mercados globais estão a crescer todos os dias, os governos latino-americanos estão cada vez mais a recorrer a organizações multilaterais (como o FMI e o Banco Mundial) para obterem financiamento, deixando de lado, na medida do que lhes é possível, a emissão de títulos soberanos. Segundo dados da Fitch, agência de rating internacional, citados pelos jornais locais, a região no seu todo emitiu 20 mil milhões de dólares em títulos no primeiro semestre deste ano, que comparam com os 37,5 mil milhões registados no mesmo período do ano passado.

As emissões soberanas da América Latina estão entre as maiores nos últimos anos no que se refere aos mercados, observam os analistas da agência. “As menores necessidades de financiamento e a maior dependência dos mercados domésticos e credores multilaterais no contexto de condições financeiras internacionais mais restritivas e voláteis sustentam a queda”, diz o relatório.

A Fitch antecipa que as emissões no segundo semestre de 2022 permaneçam restritas, à medida que as taxas de juros do mercado desenvolvido aumentam para gerir a alta inflação global que se verifica em todo o mundo.

Com os empréstimos das organizações multilaterais a escaparem aos altos e baixos do mercado e a proporcionarem maior segurança e principalmente maior previsibilidade, a agência diz que, este ano, os défices orçamentais pararam de crescer, em parte devido ao forte crescimento do PIB com a recuperação da pandemia, bem como os altos preços das commodities e o fim do apoio à covid-19. O aumento da massa monetária disponível reduz as necessidades de empréstimos em 2022, em comparação com 2021. Ao mesmo tempo, vários governos estão a introduzir medidas fiscais e de controlo de gastos para mitigar o impacto da alta de preços dos combustíveis e dos alimentos.

Entre as maiores emissões de títulos deste ano, segundo uma listagem do jornal espanhol “El Pais”, destaca-se o México, que colocou 1.800 milhões de euros e três mil milhões de dólares de dívida nos mercados de Luxemburgo e de Taiwan. Paraguai, Bolívia e República Dominicana, países que regressaram aos mercados este ano, também estiveram particularmente ativos. No caso da Bolívia, o país não emitia títulos no exterior desde 2017, tendo conseguido este ano colocar 850 milhões de dólares. Argentina, Equador e El Salvador continuam excluídos do mercado internacional.

Ao contrário de outras regiões emergentes do mundo, a América Latina registou entradas líquidas de capital financeiro no primeiro semestre do ano, o que, segundo a agência, fica a dever-se à distância relativa da guerra na Ucrânia e ao início de um ciclo de aperto monetário provocado pela subida das taxas de juro.

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