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Americanos seriam os únicos a querer intervir se a Rússia atacasse a Turquia e nem os alemães os defenderiam

Sondagem realizada no âmbito do 70.º aniversário da NATO revela que apoio à Aliança Atlântica está em queda entre a população de diversos países europeus e que o foco está cada vez mais na ameaça do terrorismo e menos na intervenção militar de um partido hostil.
6 Dezembro 2019, 06h45

Uma sondagem do instituto de estudos de opinião YouGov realizada no âmbito do 70.º aniversário da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) mostra que o apoio da população dos principais países-membros à organização está em queda e que a disponibilidade para utilizar força militar em caso de ataque russo a um país aliado é diminuta. Ao ponto de a maioria dos alemães inquiridos terem indicado que não quereriam ver o governo federal recorrer a força militar para ir em socorro dos Estados Unidos no improvável caso de uma ofensiva proveniente de Moscovo, tal como também prefeririam que a Alemanha não reagisse a ataques militares russos à Ucrânia, Roménia e Turquia.

Pouco diferentes são as opiniões dos franceses, com a ligeira diferença de que existe uma maioria disposta a aceitar a utilização de força militar para defender os Estados Unidos de um ataque da Rússia.  Mais interventivos, os britânicos contactados pelos entrevistadores da YouGov dividem-se, ainda assim, quanto à resposta a uma eventual ofensiva militar russa sobre a Turquia, enquanto os norte-americanos são os únicos que apoiariam maioritariamente a intervenção militar para defender qualquer um dos países apresentados na sondagem (Alemanha, Croácia, Estados Unidos, Finlândia, França, Grécia, Letónia, Polónia, Reino Unido, Roménia, Suécia, Turquia e Ucrânia), alguns dos quais nem sequer são membros da NATO.

Também o apoio à pertença dos respetivos países à NATO encontra-se em queda generalizada, ainda que nos Estados Unidos (cuja população é tradicionalmente mais avessa à organização) até ocorra uma ligeira subida na percentagem daqueles que dão forte apoio, de 25% em 2017 para 27% em 2019, por muito que aqueles que tendem a apoiar tenham descido de 22% para 17%. A maior quebra deu-se em França, país em que o forte apoio à NATO desceu de 21% para 9% no espaço de dois anos (e a tendência para apoiar baixou de 33% para 30%).

Até agora com uma maioria a dar forte apoio, a Noruega viu essa percentagem descer de 54% para 34% entre 2017 e 2019, até certo ponto compensada com a tendência para apoiar, que subiu de 21% para 32%. Entre os dinamarqueses o forte apoio desceu de 44% para 32% e a tendência para apoiar passou de 36% para 38%, mas mais preocupantes serão para a NATO as descidas da percentagem daqueles que dão forte apoio à pertença dos seus países na população do Reino Unido (de 42% para 25%) e da Alemanha (com uma quebra de 41% para 22%).

Por último, a definição de prioridades da Aliança Atlântica está cada vez mais afastada do propósito que motivou a sua criação, num contexto em que a Guerra Fria dava os primeiros passos. A proteção dos países da NATO de ataques de nações hostis deixou de ser o objetivo principal para a população de alguns dos principais países-membros, sendo cada vez mais esperado que se ocupe da ameaça do terrorismo. No Reino Unido e nos Estados Unidos ainda existe algum equilíbrio (14% para a proteção de ataques de países hostis e 17% de proteção do terrorismo entre os britânicos, e 11% para a proteção de ataques de países hostis e 13% de proteção do terrorismo entre os norte-americanos), mas na Alemanha o foco está cada vez mais no terrorismo (24%, contra 14%), sendo ainda mais assim em França (24% contra 9%).

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