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Ana Gomes revela que o marido a convenceu a avançar para Belém: “Vais ter que fazer o que tens de fazer”

Antiga eurodeputada foi às tardes da SIC e garantiu a Júlia Pinheiro que não se teria candidatado à Presidência da República se António Franco estivesse vivo: “Só teria uma prioridade na vida: ajudá-lo a sobreviver à doença.”
  • Cristina Bernardo
7 Outubro 2020, 19h04

A candidata presidencial Ana Gomes revelou nesta tarde de quarta-feira, numa conversa com Júlia Pinheiro no programa “Júlia”, da SIC, que o seu falecido marido, António Franco, a convenceu em avançar para a corrida à Presidência da República. “Vais ter que fazer o que tens de fazer”, disse-lhe o embaixador, já internado no hospital em que viria a morrer a 16 de julho, aos 76 anos, vítima de cancro no fígado.

Segundo a antiga eurodeputada socialista, “a partir de certa altura, ao ver que o PS não iria ter candidato”, o marido disse-lhe que deveria avançar com a candidatura presidencial, pois “ficava a democracia a perder” se não interviesse na disputa eleitoral. “Ele era um homem da democracia e tinha a perceção de que os regimes democráticos ficam em perigo se se deixar os cidadãos descrer na democracia”, recordou Ana Gomes.

Apesar do apelo de António Franco, que foi chefe da Casa Civil do Presidente da República Jorge Sampaio, e também estivera no Palácio de Belém – tal como Ana Gomes, mais tarde embaixadora na Indonésia – quando Ramalho Eanes era o Chefe de Estado, a candidata presidencial garantiu a Júlia Pinheiro que se o marido não tivesse sido derrotado pela doença fulminante ficaria de fora do ato eleitoral. “Só teria uma prioridade na vida: ajudá-lo a sobreviver à doença”, disse Ana Gomes.

Durante a presença no programa “Júlia”, que colocou em direto o antigo presidente timorense e Nobel da Paz José Ramos-Horta, que elogiou o empenho da portuguesa na “luta pela justiça no mundo e contra as cleptocracias”, Ana Gomes recordou episódios dramáticos vividos em Timor-Leste durante o processo que levou à independência do país, a presença no Largo do Carmo e junto à sede da PIDE-DGS a 25 de Abril de 1974 ou a ocasião, durante a ditadura do Estado Novo, em que foi detida na Universidade de Lisboa e levada para os calabouços do Governo Civil.

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